Show de bola. Uma expressão cem por cento brasileira que descreve, de forma exemplar, a exibição de Gregorio Duvivier na tarde-noite de ontem no FOLIO – Festival Literário Internacional de Óbidos, em duas partes distintas mas ambas com direito a uma pequena goleada.
Primeiro na apresentação de “Caviar é uma ova“, livro que reúne todas as crónicas publicadas no jornal Folha de São Paulo – editado em Portugal com o selo Tinta da China -, outra no espectáculo de stand up poetry que apresentou em exclusividade neste festival.
Coube a Francisco Bosco – que no BI assina como Francisco de Carto Mucci – a missão de apresentar Gregorio Duvivier, numa conversa onde se falou da luta da esquerda perante um passado de ditadura, de repressão policial, de um conservadorismo à beira da demência – com videos no youtube que rivalizariam com a Porta dos fundos mas na categoria do documentário -, da dilmalização de Duvivier e de maconha, ao mesmo tempo que se falou de assuntos tão sérios como a defesa da mulher ou se prestou a devida homenagem a Luís Fernando Veríssimo – presente na sala -, a quem o autor do Caviar chamou de guru e grande inspirador.
O espectáculo de stand up poetry mostrou o lado mais performativo de Duvivier, onde o lado de actor, conhecido pela faceta humorística da Porta dos Fundos, foi trocado pelo da arte da declamação, fosse de poemas ou da leitura de algumas das crónicas que habitam “Caviar é uma ova”. Assaltos, redes sociais, gringos, stalking e camisas de forças, o ciclo da vida, cerimónias do adeus ou pequenas odes de amor a Clarice – a sua mulher e provavelmente farol -, fizeram deste espectáculo uma pequena surpesa, que serviu para confirmar algo que há muito se pressentia para quem tem acompanhado de perto a história recente da cultura brasileira: este rapaz tem um talento imenso. Ou, como se dirá em bom brasileiro, Gregorio Duvivier é foda.
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