Depois de Óbidos ter sido confirmada pela UNESCO como uma das vilas literárias do planeta, o Festival Literário Folio avançou já com as datas de 22 de Setembro a 2 de Outubro para a sua segunda edição, que terá, como tema central, a ideia de Utopia – que é também o título do mítico livro de Thomas More que em 2016 cumpre 500 anos desde a sua publicação original.
Este ano, porém, a fasquia vai subir uns bons centímetros, uma vez que o Folio será o culminar de uma série de iniciativas que terão lugar ao longo do ano como forma de festejar a classificação daquela área urbana como vila literária.
Além de celebrar o Ano Internacional do Entendimento Global, a programação do festival vai assinalar alguns marcos, tais como o centenário do nascimento de Vergílio Ferreira, os 500 anos da morte do pintor Hieronymus Bosch – autor de “As tentações de Santo Antão” (da colecção do Museu Nacional de Arte Antiga) ou os 400 anos da morte dos escritores William Shakespeare e Miguel de Cervantes.
A preparar o caminho até ao Folio arrancará, já este mês, a primeira residência literária do ano, que levará a Óbidos Valério Romão, autor dos muito recomendados “Autismo”, “O da Joana” ou “Da Família”, para ali terminar de escrever a sua próxima obra.
Em Março, a Orquestra Metropolitana de Lisboa fará uma mini-temporada na vila, que vai incluir o concerto de abertura da Semana Santa – cuja programação será este ano alargada a encontros sobre questões religiosas e património imaterial, bem como a espectáculos que relacionarão estas vertentes com a vila literária.
Para Abril está agendado o inevitável e muito popular Festival Internacional de Chocolate, este ano sob o tema da “Água”, que contará com a presença da escritora mexicana Laura Esquivel, que nem de propósito juntou há uns bons anos os dois ingredientes no célebre livro “Como água para chocolate”. A sua presença servirá de impulso à iniciativa “Óbidos Gourmet”, que em Maio juntará chefs, escritores e produtos locais num evento que irá passar por livrarias e restaurantes.
Está também prevista a abertura de mais duas livrarias, uma dedicada à Banda Desenhada, ficção científica e novas tecnologias – abrirá portas em Março no parque Tecnológico de Óbidos –, e uma outra chamada Labirinto, que é vista como uma central de catalogação de todas as obras que existem na vila, além de funcionar como espaço de venda, de espectáculos e onde artistas viverão em modo work in progress – será instalada nos antigos armazéns da ex-Empresa Pública de Abastecimento de Cereais (EPAC).
Mas há mais. Até ao início do festival, a Biblioteca Municipal será instalada numa galeria, abrir-se-ão concursos para novas residências literárias, realizar-se-ão conversas com actores e encenadores e programar-se-ão iniciativas comunitárias na vila onde, segundo confidenciou a vereadora da cultura de Óbidos Celeste Afonso à Lusa, “está já a ser preparado um grande evento para 2017”, que durante três dias quer fazer de Óbidos a capital nacional da literatura de viagens. Utopia? Bem pelo contrário. Óbidos é já uma máquina de fazer – e oferecer – literatura.
Notícia elaborada com base num artigo do Jornal Público de dia 22 de Janeiro deste ano (ler aqui).