Uma capa de cartão duro, daqueles com aspecto antigo a apontar ao contraplacado, com uma lombada cozida que, quando aberta na sua totalidade, revela uma impressão a três cores, num lettering rasurado onde se lê isto em letras grandes e maiúsculas: “Vou ao Teatro Ver o Mundo” (Teatro Nacional São João e Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2016).
Um livro que serve de homenagem e de introdução histórica ao Teatro, uma das artes mais esquecidas pelo público, quase sempre ultrapassada pela música e o cinema. Recomendado pelo Plano Nacional de Leitura, este livro propõe, como antecipa no prefácio, “um diálogo imaginário entre Martinho, um adolescente que vai assistir pela primeira vez a uma representação teatral, e Jean-Pierre Sarrazac, ensaísta e dramaturgo francês” – e autor do livro -, “que o conduz numa viagem pelas ideias políticas, estéticas e filosóficas que marcaram a história do Teatro”.
Entre filósofos e artistas, pelo caminho encontramos gente como Platão e Aristóteles, Beckett e Santo Agostinho, Molière e Sófocles, Shakespeare e Artaud, tentando responder a questões sobre o teatro – Como o que é? Como se faz? Porquê ir? – enquanto se fala sobre “a arte de ser espectador”. Trata-se, em suma, de ver o mundo mas saber também interpretá-lo – e porque não refazê-lo, mesmo que através da imaginação?
O trabalho gráfico é exemplar e, entre as muitas ilustrações, descobrimos uma série de páginas de papel vegetal grosso, capazes de provocar o espanto e o assombro – quase como que numa brincadeira com biombos e sombras chinesas. Há também páginas com citações escritas a branco sobre fundo vermelho, ficando para o fim um glossário dos autores, encenadores, teóricos, peças e noções de teatro. Molière haveria de ficar satisfeito.
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