É já o sétimo volume da série Sebastian Bergman que, por cá, tem sido publicada com animais de toda a espécie e feitio nas capas. Porém, a águia que ocupa a capa de “Verdades Ocultas” (Suma de Letras, 2021) está longe de fazer com que este novo capítulo da vida de Sebastian Bergman levante vôo, numa história que demora demasiado tempo a marinar e prossegue com uma cozedura apressada, mais preocupada em deixar sobras para a refeição seguinte.
A primeira parte do livro encarna o espírito popular e desenrascado de “encher chouriços”, oferecendo uma tripla de assassinatos que acontecem na tranquila cidade de Karlshamn. Assassinatos que, em comum, parecem envolver vítimas com um passado feito de investigações encerradas, ou que acabaram por ser absolvidas, pelo menos de acordo com o assassino, à tangente.
O leitor vê-se, talvez um pouco cedo demais, na posse da identidade do assassino, numa longa abertura que apenas serve de aperitivo à acção principal do livro, no qual Sebastian Bergman, agora um avô embevecido e a gozar de uma imposta reforma, terá de lidar com um terrível pressentimento ao qual não deu, em tempo, a devida atenção. Uma segunda metade – antes um terço – que recupera algum do espírito da série, mas que mostra um livro demasiado centrado em preparar o tapete para o volume seguinte. Veremos se a dupla Hjort/Rosenfeldt tem mãozinhas para manter isto interessante.
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