Mary Kubica é formada em História e Literatura Americana, tendo as suas duas obras já publicadas valido duas nomeações – “Não Digas Nada” como Melhor Romance de Estreia para a Strand Magazine Critics Award e “Vidas Roubadas” na categoria de novos autores de thriller e mistério pelo Goodreads Choice Awards. Este ano, a mestre de thillers resolveu mimosear o mundo com mais uma das suas obras: “Verdade Escondida” (Topseller, 2016).
Neste livro, o que reina são os sentimentos. Este facto nota-se assim que são apresentadas as duas únicas personagens que contam o que está a acontecer: Quinn, que acorda de uma noite de excessos e repara que Esther, sua colega de casa, está desaparecida; e Alex, um miúdo de 18 anos que, apesar da sua tenra idade, já desistiu da vida. Quinn começa a investigar o desaparecimento da amiga e nota que, não obstante partilharem casa há quase um ano, não conhece nem sabe nada sobre a vida de Esther. Já Alex sente uma lufada de ar fresco quando aparece uma miúda misteriosa, a quem chama Pearl, apaixonando-se por ela ao ponto de estar disposto a deixar tudo para trás.
Este é um thriller com personagens dotadas de sentimentos: Quinn, que descreve a ânsia de sair de casa e começar a sua vida adulta, só repara no peso que Esther tem na sua vida quando esta desaparece, arrependendo-se de não ter sido melhor pessoa e companheira; Alex,um conformado lavador de pratos que lida com o abandono da mãe e do pai, um alcoólico que depende do filho para sobreviver, financeira e emocionalmente.
Pode dizer-se que o mais destacado e principal sentimento em todo o livro é a depressão. Relatada sob várias perspectivas pelas diferentes personagens que vão aparecendo ao longo da narrativa, todas elas descrevem como velhos medos e fantasmas lhes afectam as relações interpessoais e como lidam com eles. Para lá da depressão há, também, esperança. Exemplo disso é Alex que, mesmo conformado com a sua vida rotineira e vazia, nunca deixou de acreditar que um dia apareceria uma rapariga que faria a sua vida valer a pena.
Apesar de pisarmos o terreno da ficção, a construção das personagens foi feita de forma brilhante e, quanto à carga emocional por elas carregada, será facilmente transportada para o mundo real, criando empatia com o leitor. É uma leitura fácil com um plot twist interessante, que vem reafirmar a posição de Mary Kubica neste género literário.
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