Que atire o primeiro prato ou conjunto de talheres aquele que, até hoje, nunca ouviu a expressão sou vegetariano, mas… – ou qualquer coisa parecida com isto. Sabendo da dificuldade que é abraçar um mundo sem carne ou peixe, Jo Pratt decidiu lançar “Vegetariano com peixe” (Arteplural, 2020), onde estão reunidas deliciosas receitas para vegetarianos em part-time que mandaram a carne às urtigas mas não resistem a um bom peixinho.
Jo Pratt é chef, food stylist, apresentadora e autora de vários livros de cozinha premiados. Foi distinguida com o prémio Gourmand na categoria de escrita e colaborou com alguns dos chefs mais conhecidos do Reino Unido. “Vegetariano com peixe” é o sucessor de “Vegetariano em part-time”, que se destinava “a qualquer pessoa que siga uma dieta vegetariana mas que queira esticar as fronteiras do vegetarianismo e ter a opção de acrescentar carne ou peixe, se lhes apetecer”. O twist agora é manter o peixe e o marisco e cortar na carne – uma dieta piscitariana, ou uma forma mais fina de dizer “um vegetariano que come peixe”. Para Pratt, trata-se de “uma óptima escolha nutricional, por ser uma fonte excelente de proteína magra, vitaminas, minerais e ácidos gordos ómega 3“, bom para coração, articulações, pele e olhos.
São receitas que Pratt diz terem sido “pensadas para o cozinheiro doméstico” e que usam “ingredientes acessíveis e métodos simples”, mas vai ser preciso arregaçar as mangas, servir um bom copo de vinho e pôr uma música para criar atmosfera, seguindo atentamente as dicas sobre a preparação – o pesadelo maior e o maior dos receios.
O livro está organizado em quatro capítulos: Petiscos e pratinhos, “petiscos versáteis, refeições ligeiras, entrada, banquetes para partilhar ao estilo tapas, ou acepipes para qualquer hora do dia”, como salmão curado aromático com gim e pepino ou sardinhas em lata e abacate esmagado em torradas; sopas, caldos e pratos de caril, “pratos substanciais, reconfortantes, condimentados e aromáticos”, como caril malaio de camarão e ananás ou guisado fumado de feijão e tamboril; pratos principais e para partilhar, um “capítulo de encher a barriga” onde encontramos iguarias como spaghetti allla puttanesca com migalhas de alho e parmesão, tarte de lagostim, milho-doce e batata ou risotto de caranguejo, espargos e limão; e saladas e acompanhamentos, capítulo que inclui “saladas substanciais, pratos de vegetais e batatas assadas de chorar por mais” – e pratos como salada de abóbora e beterrabas assadas e grão ou salada de couve-flor crua, maçã e avelãs.
Cada receita é acompanhada de um texto pessoal, quase uma sinopse gastronómica, que faz de cada receita um conto com sabor e textura. Há ainda uma zona flexível, que permite variar ingredientes ou o modo de preparação, sem perder o foco e o sabor. Tudo acompanhado de fotografias e um arranjo gráfico muito bem conseguido.
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