Não se sabe muito bem como tal aconteceu, mas a verdade é que uma zebra e uma girafa aprenderam a ler, não podendo dar uso a tamanha aptidão por não terem por perto bibliotecas, livrarias, escolas ou sequer um quiosque para comprarem uma revista ou o jornal desportivo.
Para praticarem a bela da gramática restavam, assim, as coisas que os turistas ou aspirantes a exploradores deixavam cair, como aquela página rasgada de jornal com um título onde se lia “Selva de Betão”.
A girafa e a zebra perguntam aos mais velhos e sábios animais, mas ninguém parece saber o que é uma selva daquelas. Sem uma resposta ou teoria que lhes afague a curiosidade, a dupla decide partir à descoberta do seu significado.
As ilustrações deste “Uma girafa reticulada, uma zebra bem riscada e uma grande caminhada” (Caminho, 2019) têm o já clássico toque Matoso, onde as cores ganham contorno, transformando-se em objectos e animais que dançam em frente aos olhos dos leitores. Isto num livro sobre a amizade e a partilha, que chama a atenção para o desaparecimento das florestas – de que apenas lemos nos jornais -, para o cortar desenfreado de árvores – muitas delas centenárias -, que parece ter tomado conta do imaginário das autarquias e governos nacionais que substituem o verde pelo cinzento sempre que podem e, também, para a necessidade de replantação, seja isso feito com acácias amarelas, cedros do Japão, baobás, jacarandás ou sobreiros.
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