“– A ideia do diretor é genial, a meu ver. Quer que todos, funcionários, professores e alunos passem por todas as atividades da escola, para que as possam valorizar. E não só, para que também as saibam respeitar. Por exemplo, à minha turma já coube a terrível cena de lavar casas de banho. Juro-vos, nunca mais saí de lá sem verificar se deixava tudo limpo e pronto para a próxima pessoa! A ideia funciona mesmo!”
Na nova aventura das autoras Margarida Fonseca Santos e Maria João Lopo de Carvalho, entramos na Escola Martim Moniz, “Uma Escola Muito à Frente” (Oficina do Livro, 2016), em que todas as tarefas são repartidas pelos professores, alunos e funcionários.
Ora ficando ao serviço do recreio, da papelaria ou do bar, ora dando aulas aos alunos mais novos, sobre diferentes temáticas – que vão desde a educação cívica, à jardinagem e à tecelagem –, os alunos desta escola vivem uma experiência diferente, capaz de cativar os jovens para esta leitura, fazendo-os imaginar ser parte da história.
Neste 17º livro da Colecção 7 Irmãos, as autoras trazem mais uma aventura da família Machado, com diferentes peripécias e pontos de vista próprios da geração de cada um dos 7 irmãos. Para além das personagens, em que os leitores mais jovens se irão rever, é a própria ideia de “uma escola muito à frente” que está na linha da frente da acção deste livro. Uma escola onde a campainha fora silenciada, pois todos possuíam relógios e sabiam de cor os horários, e onde a experiência de partilha de tarefas começa a mudar a vivência da comunidade.
Com uma escrita simples – mas rica e expressiva – e tendo por base os diálogos – como a faixa etária a que se dirige o exige –, as autoras levam a reflectir sobre aquilo que é importante na vida, sobre a cidadania, a responsabilidade e a solidariedade, e de que forma cada um pode contribuir para melhorar o mundo, ao mesmo tempo que demonstra aos adolescentes como gerir as emoções em situações de tensão, confusão e, claro, romance.
A actualidade não escapa às autoras, que introduzem de forma original o tema dos refugiados, levando os alunos da escola a prepararem a “mochila do refugiado”, onde deveriam reunir aquilo que levariam caso estivessem nessa condição. Com isto, as autoras convidam os jovens a ponderar sobre aquilo que é realmente importante, de forma leve e recheada de humor. O livro está recomendado pelo Plano Nacional de Leitura.
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