Tosse aguda? Seca e irritativa? Está a interferir com o seu dia-a-dia? Experimente um rebuçado Dr. Bayard. Um rebuçado “tão perfeito: com as arestas limadas, com um carimbo de letras muito bem desenhadas com uma cor que é só sua, entre o branco e o bege, quase dourado”. Muitos já os experimentaram, mas serão poucos os que conhecem a verdadeira história dos rebuçados Dr. Bayard, que “são tão bons, tão bons, que até se vendem nas farmácias”. E o leitor? Faz tempo que não saboreia um gostoso rebuçado Dr. Bayard? Então dirija-se à livraria mais próxima e procure por “Um Milhão de Rebuçados” (Pato Lógico, 2019).
Num doce e criativo texto, Inês Fonseca Santos convida-nos para a festa de celebração dos 70 anos da marca de rebuçados Dr. Bayard. Saboreando um, dois ou mais rebuçados, desvendamos segredos que poucos conhecem. Degustando os magníficos peitorais descobrimos sonhos e conquistas, deixamo-nos envolver na história de uma amizade inseparável, “que foi crescendo até ao fim da guerra, quando o Dr. Bayard pôde finalmente regressar a França, com a ajuda do Álvaro”. No momento da partida, o médico francês oferece ao seu amigo “uma receita muito bem guardada dentro de uma lata de metal onde estava gravada uma imagem de um senhor a tossir”. Curioso, empenhado, persistente, empreendedor e generoso, Álvaro envolve-se nos profundos segredos da alquimia e acaba por “inventar uma coisa extraordinária”. Nada foi fácil. De experiência em experiência, com tentativas e erros, a receita foi sendo apurada e o sucesso aconteceu.
O texto e a imagem coabitam numa articulação perfeita, dando ritmo à narração. Desenhos tão simples, tão belos, “tão ou mais saborosos do que um rebuçado”. A linha branca abre caminho à descoberta do passado. As cores variam entre o vermelho, o azul e o branco, com alguns dourados para nos recordar o mel, o doce. Uma paleta reduzida de forma intencional, muito eficaz na mensagem que pretende transmitir: a marca Dr. Bayard. O padrão das guardas não deixa dúvidas: vem aí um milhão de rebuçados. Nas últimas páginas, Marta Monteiro, através do seu traço, leva-nos ainda a conhecer a fábrica, numa visita guiada ilustrada.
Inês Fonseca Santos nasceu em Lisboa em 1979. É jornalista e escritora. Tirou o curso de Direito e fez o mestrado em Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea. Foi jornalista na SIC Notícias e escreveu textos sobre poesia para algumas revistas literárias. “A Palavra Perdida”, ilustrado por Marta Madureira, foi distinguido com o Prémio SPA para melhor livro infanto-juvenil em 2016.
Marta Monteiro nasceu em 1973, em Penafiel. Tem desenvolvido trabalhos nas áreas da ilustração e do cinema de animação. É licenciada em Artes Plásticas/Escultura. Colabora com diversas publicações nacionais e internacionais. Em 2014, foi distinguida pelo livro “Sombras” pelo Communication Arts Annual Illustration Awards e, desde aí, outros prémios se seguiram – como o Prémios Vasco Franja, apoiado pela Sociedade Portuguesa de Autores, pelo título de Melhor Filme na competição portuguesa do Monstra 2018.
Sem Comentários