Para quem não tem acompanhado a série Tony Chu e se queira lançar de cabeça neste sétimo volume, intitulado “Maçãs Podres” (G. Floy, 2017), o livro oferece um estranho resumo deste estranho, intrigante e a espaços fascinante universo: Tony é um cibopata, o mesmo que dizer alguém que consegue obter sensações psíquicas do passado daquilo que morde ou ingere. Toni, por seu lado, era uma cibovidente, alguém que conseguia ter visões do futuro daquilo que mordia ou ingeria. Era porque foi assassinada às mãos de um outro cibopata, que se dedica a coleccionar e a absorver habilidades extraordinárias, não olhando a meios para o conseguir.
Em “Maçãs Podres” surgem vários casos de imolações forçadas, entre as quais “o caso dos potes de banha imolados”, “o rikishi refogado”, “churrasco na ópera” ou “combustão na convenção de comics”. Aparentemente, a culpa é de uma bebida chamada magna-cola, fabricada pelas Indústrias Magrex, que pretendia aumentar a taxa metabólica basal e queimar as células adiposas.
A trama desta história que parece ter sido redigida com o embalo da mescalina não fica por aqui. Um dos fabricantes da bebida é um crente da Igreja do Ovo Imaculado e, aparentemente, todos os queimados tinham frango no sistema, daí que a Sacerdotisa da Igreja lhe tenha declarado uma guerra santa: “O frango…é a morte!“. De referir que tudo isto se passa quatro anos depois de uma gripe das aves ter morto 23 milhões de pessoas na América e 116 milhões pelo mundo fora, tendo então o governo proibido a venda, preparação e consumo de aves de criação.
Por este sétimo volume alucinado passam ainda o Agente Colby, um verdadeiro quebra-corações, Caesar, um agente infiltrado que trabalha com Sevoy – aquele que ia matando Colby à pancada e que arrancou a orelha ao seu parceiro – ou um gangue conhecido como os “malucos dos ovos”, que se barricou num dinner mexicano e conta com um ninja capaz de fazer tortilhas bem pontiagudas para os proteger. Mais doido que isto só se for mesmo no Júlio de Matos.
Sem Comentários