É na sombra de Van Gogh que tem início “Maus Vinhos” (G. Floy, 2019), o 12º e último volume de Tony Chu, uma das mais irreverentes, estranhas, psicadélicas e delirantes séries do universo dos comics dos últimos anos – e que resultou em 60 números. Uma série que tem como protagonista maior um agente federal cibopata, capaz de obter impressões psíquicas daquilo que come, seja morto ou vivo.
A orelha de Van Gogh é, aqui, a orelha de Savoy, deixada como legado a Tony que, com apenas uma trinca, poderá reviver todo o seu passado, adquirir as suas habilidades e descobrir os seus mais negros e profundos segredos. Savoy que, neste volume, desempenha como que o papel de Yoda na saga Star Wars – mais interventivo, até.
Destaque especial, nesta despedida, para o interlúdio com Poyo, o galo-demónio, herói com penas que tantas saudades deixou. Criado com uma dieta de morte e violência em várias arenas ilegais pelo mundo fora, tornou-se no derradeiro campeão de luta do reino animal. Uma história que chega sob a forma de… um conto de natal.
Virada a última página e desvendada a conspiração, o leitor irá colocar uma série de questões. Será isto um livro vegan aos quadradinhos? Um manifesto carnívoro? Uma ode ao canibalismo? Seja o que for, o mais certo é começar a trautear, com a bênção dos REM e de estômago cheio, “It`s the end of the world as we know it”.
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