Para os fãs de Tony Chu, uma das mais alucinadas séries em modo comics assinada pela dupla John Layman e Rob Guillory, o nono volume esteve ao nível de uma facada no coração sem direito a preliminares: Poyo, o galo que muitas vezes conseguiu roubar o protagonismo a Chu, a ter o pescoço torcido.
“Tony Chu: Galo de Cabidela” (G. Floy, 2019) abre o livro e coloca Poyo no nono círculo do inferno, um lugar “destinado aos matadores, mofinos, malfeitores e meliantes“, mas também para “malta que saca comics ilegalmente e vice-presidentes republicanos“. A passadeira vermelha dá lugar a uma revolta generalizada, e nem uma joint venture entre as forças das trevas e os exércitos infernais impede que a palavra de ordem mais ouvida perante a visão do galo seja esta: “Fujam, que diabo!“, aqui dita pelo próprio chifrudo.
Mais acima, na Terra, Tony Chu pede a quem manda para não mais trabalhar com o agente Colby, saindo-lhe na rifa um tipo chamado Deshawn Berry, informador da DFA, que gosta de ser tratado por D-Bear. O primeiro caso desta parceria envolve quilos de açúcar, um tipo capaz de montar máquinas funcionais através de moléculas da glucose e uma avozinha capaz de grandes feitos recorrendo à doçaria.
A separação de Chu e Colby não irá, porém, durar muito tempo, uma vez que o big boss os reúne para encontrarem o paradeiro de Poyo, enfrentando grupos como os Bon Vivants, “uns gajos podres de ricos que se vêm a comer cenas raras ou extintas“.
Quanto à filha de Chu, que puxa ao pai em cada um dos seus genes, decide ajustar contas com o Colector, o mostro que matou a sua tia – a irmã de Tony -, contando com a ajuda de um regressado dos mortos Savoy.
Com a irreverência e o humor delirante do costume, este décimo volume reúne detectives, canibais, bandidos, clarividente, cozinheiros, homens biónicos e até mesmo gelatinassassinos, um grupo que possui habilidades derivadas da ingestão ou manipulação de alimentos à base de gelatina ou colagénio hidrolizado. E, se somos tentados a acreditar no final feliz que mete abraços e reencontros, sabemos que falta ainda descobrir aquilo a que o Colector se refere quando fala em fruto espacial, fogo no céu e o que aí vem. Promete ser uma bomba a conclusão desta série – faltam dois volumes – vencedora de dois Prémios Eisner e de dois Prémios Harvey.
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