“Todos os Amanhãs” (Suma de Letras, 2023) é um livro que nos agarra e envolve do princípio ao fim. Um obra literária, tristemente boa, que sabe a um abraço apertado e a uma palavra amiga na hora certa, a casa e a abrigo. Uma história de luto e superação, que interliga a ficção com a realidade de Mélissa da Costa, escritora que alcançou, em 2022, o feito de ser a mulher que mais livros vendeu em França.
Escrito ao som de músicas melancólicas, “Todos os Amanhãs” conta-nos a história de Amande que, após perder o marido e a filha, se refugia numa casa isolada com um jardim, longe de tudo o que era familiar. Nos confins da França, desanimada e sem rumo, a personagem principal descobre os calendários da antiga proprietária recheados de receitas e instruções detalhadas para os cuidados do jardim, que lhe darão, de forma inesperada, um novo propósito de vida.
Através de uma escrita comovente e pormenorizada, sentimos que acompanhamos e presenciamos cada hora da vida de Amande – as suas pequenas conquistas, as recaídas e até os afazeres mais mundanos -, como se a autora nos tivesse aberto uma janela e nos desse uma visão privilegiada sobre toda a trama.
Ao passar de cada página sentimos esperança, luz e coragem e, à medida que a velha casa é restaurada, que nascem frutos nas árvores e florescem no jardim de Amande belas e diversas flores, a vida de Amande ganha uma nova cor e torna-se mais leve e feliz.
“Todos os Amanhãs” é um relato íntimo, que teima em encher-nos o rosto de lágrimas e risos. Ao longo da obra vamos criando laços com Amande, sentimos por si empatia, aproximamo-nos da sua dor e sentimo-la como se fosse nossa.
Da cidade para o campo, dos saltos altos para as galochas, das burocracias para os arranjos florais, da morte para a vida. Com Amande, Mélissa da Costa oferece ao leitor um novo olhar sobre o luto, uma prova de que o tempo nada resolve nem traz de volta, mas que acalma a alma e poderá trazer um inesperado mas feliz futuro – ainda que com muitas recaídas.
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