Já chegou às bancas e às livrarias o segundo volume da TLS Series, uma antologia de banda desenhada dos membros do The Lisbon Studio. Contando com uma equipa de criadores diferentes a cada volume, a série mostra-nos alguma da melhor banda desenhada portuguesa actual, sendo cada lançamento dedicado a um tema – o segundo é dedicado ao “Silêncio” (G. Floy, 2017)
Nesta edição de capa dura, uma imagem de marca da G. Floy, encontramos uma história de redenção a fazer lembrar o ciclo da lagarta a caminho de se transformar em borboleta – “À Luz da Voz”, de Darsy Fernandes -, uma outra onde recomeçar do zero é uma miragem face aos silêncios que ficaram atravessados no tempo – “Deslumbre”, de Bárbara Lopes -, descobrimos alguém que olha para homens, mulheres, crianças e animais e apenas vê monstros – “Monstros”, de Nuno Rodrigues e Filipe Duarte Pina -, damos de caras, num encontro ocasional, com duas diferentes visões sobre passado, futuro e a própria vida – “Sem Rede”, de Marta Teives e Pedro Moura -, patinamos no era uma vez e fazemos do não assunto uma BD à maneira dos cronistas – “Era Uma Vez”, de Pedro Ribeiro Ferreira – ou assistimos a um ritual com ar de sacrifício – “Ritual, de Ricardo Cabral.
Os dois destaques vão para “Monte Morte”, de Jorge Coelho e André Oliveira, a BD a cores deste volume onde escapamos por um triz a uma maldição que chega com uma herança num lugar onde, depois de a loucura se instalar, a redenção chega através do silêncio e de uma importante lição em forma de mea culpa: “Tornei-me num homem de leis, mas esqueci-me que são lugares e pessoas que os criam”. E também para “Tempo” (ilustração acima), de Paula Bivar de Sousa, sobre aquilo que fica por dizer ao longo da vida, fazendo desse silêncio algo que passa a habitar-nos e aos lugares onde decidimos permanecer: “Dizem que as nossas casas reflectem o que vai dentro de nós. A minha está em silêncio há algum tempo”. Segue de vento em popa esta colecção.
Sem Comentários