Piscina, circo, centro de jogos. E mar. A receita maravilha para a pequena Anya, ainda em delírio no arranque da grande aventura no cruzeiro, na companhia do seu pouco descontraído pai. Yor, a mãe, segue também a bordo, mas relaxar é a última coisa que lhe passa pela cabeça. Afinal, a sua missão é de monta: proteger Olka Gretcher e o filho, sobreviventes únicos de uma organização que tem vários assassinos no seu encalce.
Neste “Spy Family 8” (Devir, 2023), Anya bem que tenta animar o pai, lançando para o ar tiradas como “temos de acabar a aventura rápido! O navio vai afundar”, mas Lloyd não está a cumprir a missão que lhe foi destinada: gozar uma folga. Quanto a Yor, começa a duvidar se a família que criou será apenas fachada, o mesmo se passando com Anya e Forger, que viajam em terceira classe e, por isso, não deverão ter um momento familiar conjunto durante o cruzeiro.
Quando os assassinos decidem trocar a caça individual pelo trabalho de conjunto, tudo parece indicar que a sobrevivência de Yor poderá passar pelo fim da fachada, a não ser que consiga encontrar o centro de escutas – que tem todo o ar daquela sala do Toy Story 3, onde um macaco se sentava de olhos bem abertos e dois pratos nas mãos prontos a dar o alarme musical.
Um volume onde, nas palavras do director, temos mais um vislumbre político, válido tanto no universo de Spy Family como no do leitor: “Já passaram mais de dez anos desde a guerra. Mas parece que a guerra continua aqui e lá. Enquanto as pessoas forem pessoas, haverá guerra”.
A recta final é percorrida ao estilo daquela cena sangrenta, passada em modo preto e branco, de um dos volumes de Kill Bill, encerrando com uma injecção de motivação que deixa a adrenalina a crepitar. O volume 9 promete ondas ao estilo da Ericeira, vão dando cera nessas pranchas.
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