“Desde que criaste a família Forge, alimentas sentimentos supérfluos e já não és o espião eficaz do passado. Agora, és como uma lâmina que perdeu o fio.”
As palavras, ditas no (des)conforto de um diálogo interior, pertencem a Fiona Frost. Uma estilosa e letal espia que, neste “Spy Family 6” (Devir, 2023), está decidida a destruir a família colada com cuspo – e algum esmero – por Loid Forger que, com muito jogo de cintura, lá vai conseguindo esconder a sua vida dupla – aliás, como qualquer outro membro da família Forger.
Para isso, Norma e Crepúsculo – nomes de código para Fiona e Loid – embarcam numa missão que tem como objectivo deitar as mãos a um quadro antigo, que poderá conter informações comprometedoras relacionadas com experiências em cobaias humanas e massacre de prisioneiros. O problema é que, para tal, terão de participar – e vencer – um torneio ilegal de ténis, no qual são permitidas raquetes e itens modificados, dopping sortido e pancadas irregulares. E batota à séria para os protegidos da casa e das apostas.
Quanto à pequena Anya, prepara-se para a entrada nas festas dos escolásticos imperiais e, na impossibilidade de conquistar as tão desejadas estrelas por mérito escolar, decide que o caminho terá de passar por se tornar amiga de Damian, o segundo filho do alvo do pai. Enquanto isso, desenvolve o princípio de uma amizade algo improvável com Becky, uma miúda rica e mimada que tem uma tara tremenda pelo pai de Anya.
Já Yor, vendo a aproximação descarada de Fiona a Loid, teme que este tenha outros planos para a família, vendo-se estranhamente dominada por algo a que poderíamos chamar de ciúme, sentimento algo improvável no mundo da espionagem. Um volume que, a ser um filme, seria uma versão mangá do Match Point de Woody Allen, e que nos deixa às portas de um encontro que poderá mudar o curso dos acontecimentos da série. Continua no bom caminho este Spy Family.
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