É, no que diz respeito ao universo mangá em edição nacional – ou, neste caso, um shonen (para jovens a partir dos 8 anos) –, a série mais familiar, na qual descobrimos uma família composta por um psiquiatra (o marido) – na verdade, um mestre dos mil disfarces conhecido como Crespúsculo -, uma filha com poderes telepáticos e uma esposa que ganha a vida como funcionária municipal – e que, numa vida paralela, desempenha o papel de uma assassina com o nome de código Princesa dos Espinhos. Uma série que junta a arte de bem espiar – e o estilo – de um James Bond, a disfuncionalidade relacional da família Adams e um refinado – e muito telepático – sentido de humor.
Em “Spy Family 3” (Devir, 2022), depois de quase ter enlouquecido para formar a família (aparentemente) perfeita, Crepúsculo está mais perto de fazer parte do mundo de Donovan Desmond, membro do Partido Nacional que raramente aparece em público. Afinal, foi uma trabalheira desgraçada colocar a filha no prestigiado Colégio Eden, precisamente onde estuda o filho de Desmond, um autêntico, mimado e muito intempestivo queque, que parece não querer nada com a filha do Crespúculo. Filha que, para se tornar uma “escolástica imperial”, terá de ter notas altas – ou, em alternativa, receber estrelas por boas acções, o que parece ser uma miragem.
Para piorar ainda mais as coisas, o casal recebe a visita de Yuri, o irmão mais novo de Yor que, para além de não ver com muitos bons olhos o casamento da irmã – com quem tem uma relação no mínimo estranha -, é um membro da polícia secreta, o inimigo principal de quem se dedica à subtil arte da espionagem.
Um volume onde reina a suspeita, se utilizam escutas e no qual se festeja, com bolo e tudo, um ano de um casamento de conveniência que, quem sabe, até poderá acabar em bem. Humor, escárnio e acção numa série que, até à data, levou para casa os Prémios Harvey na categoria de Melhor Mangá. Vale bem a pena espreitar.
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