De uma beleza assinalável, “Somos o Esquecimento que Seremos” (Alfaguara, 2023) aborda as vivências do colombiano Hector Abad Faciolince a partir da perspectiva da relação com o seu pai. A história desenrola-se ao longo de várias etapas da vida do escritor, culminando com a morte do pai, assassinado por paramilitares em 1987.
Médico de profissão, o pai de Hector dedicou-se a lutar contra a falta de oportunidades iguais num país mergulhado em violência, luta que acabou por conduzir ao seu assassinato. Entre diversos episódios – uns caricatos, que arrancam sorrisos; outros comoventes, capazes de deixar o leitor à beira das lágrimas -, somos apresentados à sociedade colombiana e a outros modos de vida.
Esta é uma obra que terá exigido muita coragem da parte de Faciolince, repleta de sinceras confissões que nem todos estariam dispostos a partilhar – que vão de questões sentimentais a criminais. Mais do que um retrato íntimo de uma família, o livro descreve uma relação onde pai e filho se idolatram mutuamente; onde o filho mais do que justifica a sua idolatração pelo seu progenitor, mas que parece nunca perceber o que leva o pai a confiar e a gostar de si tão incondicionalmente.
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