“Don’t feel guilty if you don’t know what to do with your life
The most interesting people
I know didn’t know at 22 what they wanted to do with their lives
Some of the most interesting 40-year-olds I know still don’t”
As linhas acima transcritas pertencem a “Everybody’s Free (To Wear Sunscreen)”, o tema em que Baz Luhrmann, realizador entre outros do renovado “Romeo + Juliet”, se dedicava a mostrar, numa canção, como poderia a vida ser vivida de modo a dela se espremer a maior quantidade de sumo. Linhas que, ainda que de forma mais controlada, poderiam servir de inspiração ao pequeno Sílvio, que continua a perguntar-se o que será quando crescer.
Em “Sílvio Guardador de Ventos” (Caminho, 2016), acompanhamos a jornada pessoal de um pequeno rapaz que, através de exercícios gramaticais e quase sempre à volta da palavra “Guarda”, vai ensaiando o que quer ser no futuro, sempre com a mãe a tecer comentários.
Guardar o sol? “Podes ficar cego“, responde a mãe. E se em vez disso for da chuva? “É uma vida de constipações“, recebe de volta. As opções são muitas, desde guarda-fios a guarda-nocturno, mas o elogio feito a certa altura à mãe mostra que Sílvio já terá decidido o seu caminho: “Obrigado, mãe, por me acarinhares com tantos medos. Sendo assim, vou para guarda-livros (…) Os livros ajudam-me a voar.” Mãe que, depois de tentar esconder o filho debaixo da asa, mostra partilhar com ele a escolha: “O teu destino é guardar as palavras“.
Nesta história de Francisco Duarte Mangas, verdadeiro hino à palavra escrita, as ilustrações de Madalena Moniz representam bem o imaginário e o sonho infantis, oferecendo algumas páginas memoráveis – como as que mostram o sol e a chuva, a esplêndida biblioteca feita de livros com as lombadas azuis e vermelhas ou uma dispensa cheia de frascos coloridos.
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