Quem gosta de biografias? “Sayid Manuel” (Trinta por uma linha, 2020) é uma biografia, mas não de um rei, político, cientista, professor ou escritor. É de um gato! Um gato preto, grande e gordo – muito gordo. A dona levou-o para casa, onde foi mimado, bem alimentado e onde aprendeu a responder aos vários nomes inventados para si: “Sombrinha, Pata Lenta, Norberto Lobo, Bebezudo ou Lord Nelson” — embora respondesse a todos, o seu verdadeiro nome era Sayid Manuel.
Sayid Manuel recorda o dia que foi adoptado, a viagem até casa, a descoberta do diospireiro, o matagal para se esconder, os telhados para vigiar a vizinhança, o momento em que conheceu Boneca, a gata da D. Belmira, e a mudança de casa, para um novo lar sem varandas e sem aventuras. Revive, também, o dia em que o “espaço no colo da dona começou a diminuir”, até que deixou de ser o rei da casa, ficando cada vez mais abatido e deprimido.
Foi por esta altura que, sem explicação aparente ou talvez por causa do stress – segundo o veterinário -, ganhou manchas brancas que lhe deram um toque de originalidade, tornando-o mais vaidoso e charmoso – e que lhe valeu a alcunha de The Special One. Felizmente, conseguiu ultrapassar a situação. Actualmente, partilha a casa com todos, vivendo em harmonia e exibindo a sua longevidade.
As aventuras de Sayid são ilustradas de forma criativa e colorida, contrastando com as guardas do livro, as iniciais totalmente pretas e as finais pretas com manchas brancas, desvendando um pouco a história deste felino. Um livro para miúdos e graúdos, amantes de animais – em especial de gatos -, onde Catarina Gomes oferece uma narrativa visual afectiva, bem-humorada e surpreendente.
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