“Vais morrer, ladra de merda!”. Bem-vindos ao politicamente incorrecto e singular mundo de Saga, uma das melhores séries de novela gráfica para gente crescida de que há memória. A culpa é toda da dupla Brian K. Vaughan (argumento) e Fiona Staples (arte), que já levaram para casa múltiplos prémios Eisner.
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Três anos se passaram desde que Hazel viu o seu pai ser assassinado. Por esta altura, agora com 10 anos de idade, vai servindo de ajudante à mãe Alana e ao peculiar Bombazine na venda mais ou menos ilegal de um suplemento alimentar, gritando a plenos pulmões slogans como este: “Amamentar é uuma treta! É só mais uma arma do patriarcado para nos deitar abaixo!”. Tal como Hazel, mas numa outra coordenada geográfica, há também um pequeno príncipe do reino robot que sofreu com a morte do seu pai, e que desde esse momento não mais disse uma palavra.
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Neste volume 10 (G. Floy, 2022), em grande destaque vai estar um grupo de piratas do ar, para quem a ideia de poder é bem diferente daquela que o dicionário nos oferece. Para eles, “os reinos não são lugares, são ideias”. Um décimo volume onde o sentimento dominante é o da perda, e no qual, ao sabor de uma banda sonora onde pontifica a malha “Assassinos da Tristeza”, se passeiam caçadores de cabeça e se trafica droga como pãezinhos quentes num feliz começo de dia. A haver um ensinamento a sacar, muito provavelmente será este: as ideias são o maior dos perigos. (Mais) Um volume visualmente estonteante que, como vem sendo hábito, nos reserva um final digno de fogo de artifício.
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Este álbum apresenta os seis mais recentes capítulos de Saga, incluindo o número duplo do regresso da série após um longo interregno.
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