É a chamada entrada a pés juntos aquela que a Elsinore preparou para o pós silly season 2018: há 21 lições assinadas por Yuval Noah Harari, David Lynch em biografia e memórias, um reservatório que foi finalista do Booker em 2017, uma fascinante viagem pela literatura sob a forma de investigação à história de oito livros míticos que, por vários motivos, nunca chegaram a existir ou, ainda, uma recriação de A Odisseia por Margaret Atwood. Preparem as estantes e as carteiras.
Já nas livrarias
“21 Lições para o Século XXI” | Yuval Noah Harari
Depois de Sapiens (9 milhões de livros editados) olhar para o passado da Humanidade e Homo Deus (4,5 milhões de livros editados) considerar o futuro, Yuval Noah Harari regressa com 21 Lições para o Século XXI. Um olhar perspicaz sobre os grandes desafios da actualidade.
Como podemos proteger-nos de uma guerra nuclear, de cataclismos ecológicos ou de falhas tecnológicas? O que podemos fazer contra a epidemia de notícias falsas ou a ameaça do terrorismo? O que devemos ensinar aos nossos filhos? Yuval Noah Harari leva-nos numa viagem emocionante pelas questões mais prementes da actualidade e do futuro imediato da Humanidade, analisando temas como a Tecnologia, o Trabalho, a Política Internacional, o Terrorismo, a Guerra, o Secularismo, a Justiça, a Educação e O Sentido da Vida. O fio condutor que percorre este seu novo e impressionante livro é o desafio de conseguirmos manter a concentração, tanto a nível colectivo como individualmente, diante de um mundo de mudanças constantes e desorientadoras. Seremos nós ainda capazes de compreender o mundo que criámos?
Yuval Noah Harari é historiador, investigador e professor de História do Mundo na Universidade Hebraica de Jerusalém, considerada uma das melhores instituições de ensino a nível internacional. Doutorado em História pela Universidade de Oxford, Harari tem-se dedicado ao estudo e ensino da História, encorajando os seus alunos a questionar os conhecimentos e ideias que têm por garantidos sobre a vida, o mundo e a humanidade. Atualmente, a sua investigação incide sobre questões macro-históricas: Qual a relação entre a História e a Biologia? Que diferenças essenciais distinguem o Homo sapiens dos outros animais? Existe justiça na História? As pessoas tornaram-se mais felizes à medida que a humanidade progrediu? É autor de numerosos artigos científicos e de dois livros, publicados em Portugal pela Elsinore: Sapiens: História Breve da Humanidade (2013) e Homo Deus: História Breve do Amanhã (2017), ambos bestsellers internacionais, traduzidos em mais de 20 línguas e recomendados por personalidades como Barack Obama e Bill Gates.
Setembro
“Tudo Aquilo que Não Lembro” | Jonas Hassen Khemir
Tudo Aquilo que Não Lembro é uma conturbada viagem emocional que nos desafia a olharmo-nos de fora — e às relações com quem nos é mais próximo — sem medo de, por vezes, corrermos o risco de nos depararmos com uma realidade chocante.
Samuel morre num terrível desastre de viação. Determinado a conhecer a verdade ― foi acidente ou suicídio? ―, um escritor desconhecido decide percorrer o seu último dia de vida entrevistando as pessoas que o conheceram de perto: o melhor amigo Vandad, agora na prisão; o Pantera, um artista underground a residir em Berlim; o seu grande amor, Laide, uma ativista em prol das mulheres imigrantes; a avó, em vias de perder a memória. Deste apaixonante puzzle de vozes desponta um retrato fragmentado de Samuel, comovente, espontâneo e profundamente humano. Contudo, com o decorrer das conversas, os registos contradizem-se, complicam-se, tornam-se ambíguos, até que as linhas entre lealdade e traição, proteção e perigo se esbatem irrevogavelmente.
Jonas Hassen Khemir, escritor sueco nascido em 1978, é uma das vozes mais importantes da atual literatura europeia. O seu primeiro livro, Ett öga rött (2003) foi vencedor do Borås Tidning Award para o melhor romance de estreia e tornou-se no livro mais vendido na Suécia em todas as categorias no ano de 2004. O romance seguinte, Montecore (2006) venceu o prestigiado P.O. Enquist Literary Prize e foi nomeado para o August Prize, o prémio literário mais relevante da Suécia, que Khemiri acabou por vencer com a publicação em 2015 de Tudo Aquilo Que Não Lembro. A sua obra encontra-se traduzida em mais de 25 línguas e as suas peças foram encenadas por mais de 100 companhias teatrais no mundo.
“Tudo O Que Um Homem É” | David Szalay
Nove homens, cada um deles numa diferente fase de vida, cada um deles longe de casa, e cada um deles a tentar — seja nos subúrbios de Praga, nas proximidades de um viaduto na Bélgica, num hotel barato no Chipre — compreender o que significa exactamente estar vivo, aqui e agora.
Traçando um arco da primavera da juventude ao inverno da velhice, Tudo o que Um Homem É une estas vidas distintas para compor um retrato lancinante e revelador da masculinidade nos nossos dias. Sob o signo do conflito, da competição e do poder, mas também da fragilidade, Szalay mostra-nos com desarmante crueza os homens tal como eles são: ridículos e inarticulados, chocantes e desprezíveis, vitais e hilariantes; e, à medida que são ultrapassados pela idade, os riscos tornam-se extraordinariamente altos.
David Szalay nasceu em Montreal, no Canadá, em 1974, tendo-se mudado desde cedo para o Reino Unido, onde frequentou a Universidade de Oxford. O seu romance de estreia, London and the South-East foi distinguido com os prémios Betty Trask e Geoffrey Faber, e os seus dois livros seguintes, The Innocent (2009) e Spring (2011), receberam igualmente a atenção da crítica internacional. Em 2013, o autor foi escolhido por Granta como dos 20 melhores jovens romancistas da Grã-Bretanha. Tudo O que Um Homem É (Elsinore, 2018) foi finalista do Man Booker. Está publicado em 15 países.
Outubro
“Espaço para Sonhar” | David Lynch e Kristine McKenna
Este é, sem dúvida, um dos livros mais aguardados este ano a nível mundial. Neste livro único, conjugação de biografia e memórias, David Lynch revela, pela primeira vez, os pormenores de uma vida preenchida e fascinante, vivida de acordo com uma visão singular, onde não falta o relato das muitas mágoas e batalhas que teve de travar de modo a conseguir concretizar os seus arrojados projetos. As reflexões de Lynch, poéticas, íntimas e francas, ecoam nas secções biográficas escritas por Kristine McKenna, sua colaboradora próxima, baseadas em mais de uma centena de entrevistas inéditas com familiares e pessoas mais próximas do autor, incluindo ex-mulheres surpreendentemente directas, actores, agentes, músicos e colegas em áreas variadas, cada um revelando a sua própria versão dos acontecimentos. Espaço Para Sonhar, com 30 fotografias, muitas delas inéditas, é um livro fundamental que possibilita a oportunidade única de se ter acesso total à vida e mente de um dos artistas mais enigmáticos e profundamente originais do nosso tempo.
David Lynch alcançou fama internacional como cineasta com o seu primeiro filme, o original Eraserhead. Desde aí, foi nomeado para três Óscares para Melhor Realizador com O Homem-Elefante, Veludo Azul e Mulholland Drive, recebeu a Palma de Ouro com Corações Selvagens, criou, Twin Peaks, uma das mais bem-sucedidas séries na origem de um verdadeiro culto mundial, e afirmou-se como um artista de extrema versatilidade e inteligência. É autor de Catching the Big Fish, um livro sobre Meditação Transcendental.
“Dor” |Zeruya Shalev
Zeruya Shalev é uma das mais importantes escritoras contemporâneas. Íntimo e tocante, Dor, traduzido directamente do hebraico, é a exposição das feridas abertas de uma sociedade e uma viagem catártica através do sofrimento, do passado e da luta para viver plenamente o presente. Uma história intensa de um matrimónio e de uma família que reflecte igualmente a situação política atual em Israel.
Iris, quarenta e cinco anos de idade, casada e com dois filhos, julga ter superado os dois grandes traumas da sua vida: o abandono por parte de Eitan, o seu primeiro amor, que a levou quase ao suicídio na sua juventude, e o atentado terrorista de que foi vítima. Contudo, à distância de dez anos, ainda resultado desse último terrível episódio, a dor física de Iris regressa, ao mesmo tempo que reencontra por acaso Eitan. Juntando a estes dois acontecimentos, a suspeita de adultério de Michi, o seu marido e a preocupação pela filha adolescente, envolvida num caso amoroso com um homem mais velho, a vida de Iris parece estar novamente à beira de colapsar. Será através de uma tocante viagem catártica através da dor que Iris conseguirá finalmente exorcizar o seu passado e viver o presente.
Zeruya Shalev é, a par de Amos Oz e David Grossman, um dos escritores israelitas mais lidos no mundo. Autora de cinco romances, os seus livros estão traduzidas em 25 línguas. A sua carreira conta com inúmeras distinções e prémios. Em 2017 foi condecorada pelo governo francês com a distinção de Chevalier des Arts e des Lettres.
“Fica Comigo” | Ayobami Adebayo
Yejide espera por um milagre: uma criança. É tudo o que o seu marido quer, tudo o que a sua sogra quer, e Yejide tem feito tudo o que pode para consegui-lo. O tempo, no entanto, vai passando e quando os seus familiares começam a falar numa nova mulher para Akin, o marido, Yejide sente que não conseguirá aguentar. Com a política e socialmente turbulenta Nigéria da década de 1980 como pano de fundo, Fica Comigo é, sempre através das vozes de Yejide e Akin, uma história sobre a fragilidade do amor conjugal, o colapso da família, do poder da angústia e do peso exasperante dos laços à maternidade e o conflito cultural e social de dois mundos.
Ayọ̀bámi Adébáyọ̀ nasceu em Lagos, na Nigéria, em 1988. Tem um mestrado em Literatura em Inglês, da Universidade Obafemi Awolowo, em Ile-Ife, e um outro em Escrita Criativa, da Universidade de East Anglia, onde lhe foi concedida uma bolsa internacional de escrita criativa. Foi fellow e fez residências na Ledig House, Hedgebrook, Sinthian Cultural Institute, Ebedi Hills, Ox-Bow School of Arts e Siena Art Institute. Os seus contos têm sido publicados em várias revistas literárias e antologias, merecendo a atenção da crítica internacional, e, em 2017, publica Fica Comigo, o seu primeiro romance, finalista do Baileys Women’s Prize for Fiction.
“Reservatório 13” | Jon McGregor
Livro Finalista do Man Booker 2017 e vencedor do Prémio Costa 2017.
Estamos a meio do inverno, no início deste século. Uma jovem de férias desaparece nas colinas, no centro de Inglaterra, nas proximidades das pedreiras e reservatórios de água espalhados pelos terrenos. Os habitantes da aldeia mais próxima são chamados para se juntarem às buscas, vasculhando os prados enquanto a Polícia monta barreiras nas estradas e uma multidão de jornalistas desce até ao local. Ainda assim, há trabalho a ser feito: mungir as vacas, reparar cercas, partir pedra nas pedreiras, beber pints, fazer as camas, escrever sermões: uma farsa bem ensaiada. As buscas pela rapariga desaparecida continuam, assim como a vida quotidiana. Como tem de ser. Romance pleno de poder e graciosidade, Reservatório 13 explora, ao longo de treze anos, os ritmos do mundo natural e o dom humano para a repetição de atos violentos, à medida que a memória da tragédia de uma desconhecida se recusa a desaparecer.
Jon McGregor é considerado uma das vozes emergentes mais importantes da literatura de língua inglesa. É autor de quatro romances e de uma coleção de contos. Ao longo da sua carreira, foi galardoado com o IMPAC Dublin Literature Prize, Betty Trask Prize, e o Somerset Maugham Award, constando por duas vezes na longlist do Man Booker Prize. Trabalha como Professor de Escrita Criativa na Universidade de Nottingham, onde edita o The Letters Page, um jornal literário.
“A Odisseia de Penélope” | Margaret Atwood
A Odisseia recontada por uma das escritoras mais consagradas e de maior sucesso da atualidade (vencedora do prémio Booker com o romance O Assassino Cego e autora do livro A História de Uma Serva — The Handmaid’s Tale — recentemente adaptado a série televisiva).
Penélope, mulher conhecida pela sua inteligência e constância, imortalizada pela lenda e pelo mito como sinónimo de esposa paciente e fiel, tece e desfaz os fios do seu tear para afastar os Pretendentes enquanto aguarda pelo regresso incerto de Troia do seu marido, o famoso herói Ulisses. Mas, a Odisseia não é a única versão possível desta história. Agora que Penélope, há muito morta e esquecida pelo mundo, vagueia pelos infernos, pode finalmente contar a sua própria versão: um relato subversivo e divertido sobre luxúria, ganância e violência, onde ninguém é poupado.
“O Elmo do Horror” | Victor Pelevin
Victor Pelevin foi selecionado pela revista New Yorker como um dos «Best European Writers Under 35’» e considerado pelo Observer como um dos «21 Writers for the 21st Century».
O autor recria de forma original e em chave pós-moderna o famoso mito de Ariadne, Teseu e do labirinto do Minotauro: um grupo cibernautas, com estranhos nicknames, encontra-se preso no interior da Internet, num labirinto infinito formado por chat rooms e comandados pelo Elmo do Terror, o próprio Minotauro.
Victor Pelevin (Moscovo, 1962) escritor russo, considerado pelo jornal inglês Observer como um dos «21 Writers for the 21st Century». As suas obras incluem ensaio, romance e conto. Estreou-se em 1992 com a publicação de um volume de contos, The Blue Lantern, vencedor do prémio russo Little Booker, e de um romance, Omon Ra, que despertou a atenção da crítica internacional e foi finalista do Prémio Booker. Desde então, Pelevin tornou-se uma referência da literatura internacional, estando traduzido em mais de 20 línguas.
“Tudo Aquilo que Encontrei na Praia” | Cynan Jones
Novo romance do autor de A Cova (Cavalo de Ferro, 2016) e A Baía (Elsinore, 2017) e, segundo a crítica, «um dos mais talentosos escritores da Grã-Bretanha».
Um corpo é encontrado numa praia da costa do País de Gales, alterando para sempre a vida do pescador que o encontra e a de outras duas pessoas, enredadas numa teia de desespero, brutalidade e crime, presas entre a luta pela sobrevivência, a ambição e o sentido do dever.
Cynan Jones nasceu perto de Aberaeron, no País de Gales, em 1975. É autor dos romances, The Long Dry (2006), Everything I Found on the Beach (2011), The Dig (A Cova, Cavalo de Ferro, 2016) e The Cove (2016) todos eles publicados em Inglaterra pela Granta. Considerado pela crítica como um dos mais talentosos escritores de língua inglesa da atualidade, as obras de Cynan Jones estão publicadas em vários países, entre os quais, Espanha, Itália, França, Alemanha e Estados Unidos. Foi vencedor dos prémios Wales Book of the Year Fiction Prize 2015 e do Jerwood Fiction Uncovered 2014.
“Histórias de Livros Perdidos” | Giorgio van Straten
Uma fascinante viagem pela literatura sob a forma de investigação à história de oito livros míticos que, por vários motivos, nunca chegaram a existir. Da Florença deste século, à Londres regencial, da estepe russa à Praga da Segunda Grande Guerra, Giorgio Van Straten, no papel de detetive de livros perdidos, guia o leitor pelo espaço e pelo tempo numa viagem fascinante pela literatura, desenterrando histórias de infâmia, tragédia e oportunidades (de leitura) perdidas. Entre estas há um famoso romance que Hemingway se esqueceu no interior de uma mala na Gare de Lyon, ou as Memórias de Lord Byron, escritas e logo lançadas às chamas para evitar o escândalo, ou a obra-prima de Bruno Schulz que desapareceu com o próprio autor na Polónia durante a Segunda Grande Guerra ou ainda o mítico romance de Sylvia Plath, que talvez um dia se torne em realidade.
“Inverno” | Ali Smith
O muito aguardado segundo volume da tetralogia iniciada com Outono (Finalista do Man Booker Prize 2017). Um livro descrito pela crítica internacional como sendo uma prova de mestria literária e já finalista dos British Book Award – Fiction Book of the Year e do the Orwell Prize for Political Writing.
Deus estava morto: para começar.
E o romance estava morto. A cortesia estava morta. A poesia, a prosa, a pintura, todas elas estavam mortas, e a arte estava morta. O teatro e o cinema estavam ambos mortos. A literatura estava morta. O livro estava morto. (…)
O amor estava morto.
A morte estava morta.
Muitas coisas estavam mortas.
(…) Imagine que é assombrado pelos fantasmas de todas estas coisas mortas.
O Inverno, com os seus dias curtos e frios e a sua paisagem despida, é a estação do ano em que a vida nos parece mais frágil; o Inverno é também a época do Natal e das reuniões de família em redor de uma mesa. É num desses jantares, numa grande casa de campo que se reúnem Sophia, agora com setenta anos de idade e sofrendo de um início de demência, o seu filho Art, a braços com a rutura da relação coma sua namorada de longa data Charlote, Lux, uma emigrante croata que ele contrata para a substituir, e Iris, irmã de Sophia, com quem não fala há décadas.
Ali Smith nasceu em Inverness, na Escócia, em 1962, e vive atualmente em Cambridge. É autora multipremiada (Whitebread, Orange, Goldsmiths Prize, Saltire Society First Book of the Year, Scottish Arts Council Award e várias vezes finalista do Man Booker Award) de romances, contos, peças de teatro e crítica literária. Entre as suas obras mais conhecidas estão The Accidental, Amor Livre e outras histórias (ed. Quetzal) e Como Ser Uma e Outra ( Elsinore, 2017).
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