Escolhemos algumas das novidades anunciadas pela Antígona para o primeiro semestre de 2017, onde se podem (re)descobrir autores como Zamiatine, George Saunders, Júlio Henriques ou Max Aub.
“Pastoralia” | George Saunders
Data de lançamento: Janeiro
Conjunto de contos premiados e publicados na New Yorker, “Pastoralia” é puro George Saunders, autor frequentemente comparado a David Foster Wallace e discípulo de Donald Barthelme. Esta edição inclui «Carvalho do Mar», um dos textos mais memoráveis do autor.
“Alucinar o Estrume” | Júlio Henriques
Data de lançamento: Janeiro
“Nas franjas indefinidas de uma sociedade que avança, absurda e doente, para o abismo que superiormente cria e quer, vão surgindo, às apalpadelas, núcleos de gente em busca de sentido. Entre os que migram da cidade para o campo, em busca de uma utopia à mão de semear, o naturalista Estêvão Vao exprime uma oposição liminar ao paradigma que corporiza a indigente ambição de se viver na Terra fora da terra. Nos seus fosfóreos descaspes, debruça-se sobre algo que já está em movimento, e anda ainda envolto em guapos e lustrosos desvarios. Júlio Henriques é tradutor, publicista e editor, mais recentemente da revista Flauta de Luz. Dedica-se a uma arte exigente, o assobio planado, que se pratica através do apuramento de uma coisa rara, os tintos sem pesticidas.”
“Contos Escolhidos” | Zamiatine
Data de lançamento: Fevereiro
“Contos Escolhidos” é precedido de “Carta a Estaline”, texto breve mas elucidativo da vida de um escritor durante a ditadura opressiva de Estaline, no qual Zamiatine pede autorização para se ausentar do país e regressar apenas “quando for possível servir, na literatura, as grandes ideias sem se ter de obsequiar pessoas insignificantes”. Este livro inclui um punhado dos melhores contos do autor da pioneira distopia “Nós”, ordenados cronologicamente, entre os quais “O Dragão”, “O Norte”, “O Xis”, “A Caverna” e “Inundação”.
“Contos Musicais” | Wackenroder | Kleist | Hoffmann
Data de lançamento: Fevereiro
Antologia de contos literários de autores românticos alemães sobre a temática musical, reúne textos inéditos em Portugal e assinados por autores como Kleist, E.T.A. Hoffmann e Wackenroder – este último com um papel determinante no nascimento do movimento romântico na Alemanha.
“As Veias Abertas da América Latina” | Eduardo Galeano
Data de lançamento: Março
Um ensaio clássico, com mais de um milhão de exemplares vendidos em todo o mundo e traduzido em doze línguas, aqui em versão integral. Oferecido em 2009 por Hugo Chávez a Barack Obama e banido nos anos 1970 no Brasil, no Chile, na Argentina e no Uruguai, “As Veias Abertas da América Latina” (1971) é um estudo sobre cinco séculos de exploração económica, política e social de todo um continente – a América Latina – pela Europa e pelos Estados Unidos, desde a descoberta do Novo Mundo.
“Requiem por Um Sonho” | Hubert Selby Jr.
Data de lançamento: Abril
Adaptado ao cinema por Darren Aronofsky em 2000, “Requiem por Um Sonho” (1978) é, segundo o autor, um retrato da perversão destrutiva do sonho americano, essa ilusão delirante alimentada a drogas e comprimidos, imagens televisivas e dinheiro. A história de quatro nova-iorquinos – Sara, Harry, Marion e Tyrone – cujas vidas sucumbem a uma espiral incontrolável e que recusam ver que criaram o seu próprio inferno na terra.
“Kitsch – Um Estudo sobre a Degenerescência da Arte” | Fritz Karpfen
Data de lançamento: Abril
Ensaio escrito em 1925, este texto é uma das primeiras referências significativas sobre o kitsch, fenómeno que acompanha historicamente, como uma sombra, as vanguardas artísticas. Nesta reflexão inaugural, polémica e com humor, Fritz Karpfen escalpeliza a função dormitiva pequeno-burguesa do kitsch nas suas múltiplas encarnações, que vão do exótico-colonial à arte religiosa, do interior consolador à compensação social generalizada.
“Manuscrito Corvo” | Max Aub
Data de lançamento: Maio
Uma das obras mais singulares de Max Aub, “Manuscrito Corvo” (1955) é o caderno de notas do corvo Jacobo, no qual este nosso narrador alado relata as suas impressões sobre a espécie humana, depois de ter observado a vida no campo de concentração de Vernet d’Ariège (onde Max Aub esteve encarcerado depois da Guerra Civil de Espanha). Um tratado sobre a vida do Homem, as suas contradições e supostas certezas, pela pena de um sagaz pássaro.
“Tono-Bungay” | H. G. Wells
Data de lançamento: Junho
“Tono-Bungay” é a história de um líquido-remédio que se converte em elixir e panaceia universal, que restaura a saúde, a beleza e a energia. Quando George Ponderevo é solicitado pelo seu tio para comercializar eficazmente a beberagem, cria-se um verdadeiro empório. Uma sátira à mercantilização crescente e à credulidade do mundo.
“Políticas da Inimizade” | Achille Mbembe
Data de lançamento: Junho
Depois de “Crítica da Razão Negra”, Achille Mbembe, filósofo e historiador camaronês, professor em universidades dos EUA e na África do Sul, debruça-se neste ensaio sobre a inimizade – que se amplia sem cessar e que se reconfigura à escala global – como sacramento da nossa época. Reflexão no contexto de novos movimentos migratórios, do estreitamento do mundo e da brutalidade das fronteiras, “Políticas da Inimizade” disseca a patologia do racismo, criticando nacionalismos atávicos e propondo os fundamentos de uma nova política da humanidade.
“Sei porque canta o pássaro na gaiola” | Maya Angelou
Data de lançamento: Junho
O primeiro de vários volumes autobiográficos de Maya Angelou narra a infância da autora no Arkansas, os seus medos e anseios, compondo simultaneamente o retrato da vida da população negra no Sul dos Estados Unidos na primeira metade do século XX.
“Uma Semana nos Rios Concord e Merrimack” | Henry David Thoreau
Data de lançamento: Julho
Obra inseparável de “Walden ou a Vida nos Bosques”, “Uma Semana nos Rios Concord e Merrimack” (1849) é o relato da viagem que Thoreau e o seu irmão, John, empreenderam em 1839 no barco que os dois construíram, Musketaquid (o nome índio do rio Concord). Este diário de bordo e grandioso ensaio sobre a amizade e o amor tempera a sublime solidão de Walden com salutares gotas da vida nos rios.
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