Arthur C. Clarke é o autor de “2001 Odisseia no Espaço”, um livro que, por alguma culpa do mestre Kubrick, e de uma adaptação cinéfila de sucesso que nos faz olhar para o Universo e para a história do mundo como se estivéssemos pendurados de cabeça para baixo no estendal da roupa, se tornou num dos marcos maiores da ficção científica.
Em “Rendez-Vous Com Rama” (Saída de Emergência, 2023), a viagem faz-se novamente até um futuro longínquo e, tal como em 2001, há também uma espécie de monolito, desta vez do tamanho de um pequeno planeta que circula a uma velocidade inigualável: “…aquele mundo minúsculo giraria a mais de mil quilómetros por hora. Não seria nada saudável tentar um pouso em qualquer ponto alem dos pólos. A força centrífuga no equador de Rama seria suficientemente poderosa para projectar todos os objectos soltos para longe com uma aceleração de quase uma gravidade. Rama era uma pedra rolante que nunca se cobriria com musgo cósmico. Era surpreendente que tal corpo tivesse conseguido manter-se intacto sem se despedaçar num milhão de fragmentos há muito tenpo. […] Um objecto com quarenta quilómetros de diâmetro, com um período de rotação de apenas quatro minutos… Onde se encaixaria aquilo no panorama astronómico?”.
Para responder a esta questão, investigando aquilo que poderão bem ser os primeiros indícios de inteligência artificial ou de vida inteligente para lá do domínio terrestre, é enviada uma missão de busca e acoplagem, comandada pelo comandante Norton, um inesperado líder que mantém dois casamentos – tendo dois filhos de cada um deles – e que está assombrado por dois mistérios em relação a Rama: “Quem foram eles… e o que correu mal?”. Consigo estará uma tripulação bem treinada, desde um maluquinho da sétima arte que sabe reproduzir linhas dos filmes dos dois últimos séculos a um outro que é mais Bach e Beethoven.
Neste mundo imaginado por Arthur C. Clarke, a existência do oceano é considerada um mito, vive-se para lá dos 100 anos e Marte é, há muito, um planeta povoado. A partir do momento em que entra a bordo da Endeavour, também o leitor se deixará deslumbrar. Afinal, “com Rama, a surpresa era a única certeza”.
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