É mais um álbum de Oliver Jeffers que aponta a balanços e a mudanças de rumo, tentando ajustar o sentido político, ético e social de cada um num mundo em constante mudança. “Recomeçar” (Orfeu Negro, 2024), álbum servido em capa dura com ilustrações que parecem quase um best of do trabalho de Jeffers, regressa ao princípio dos princípios com uma pergunta: “Onde começámos?”.
Assistimos ao atear do primeiro fogo, à invenção da linguagem, ao poder das mãos e à criação de ferramentas, ao acto de caminhar, sempre com um mantra a ressoar como uma lenga lenga comilona, que vai recuando cada vez mais na linha temporal: “Não, esperem. Começámos antes disso”.
Fazendo do outro e da nossa relação com ele o mais importante, seja na oferta de um presente ou no contar de uma piada, Jeffers lança pistas sobre “o que fazer” e “como fazer”. E, mesmo que o destino seja (in)certo e uma maratona contra o tempo esteja na equação, a ideia está lá: “Reduzindo a velocidade. Contando histórias melhores”.
Para o final fica guardada uma extensa nota do autor, onde fala do que é o livro fazendo a ponte com Belfast, cidade dividida politicamente. Tudo para nos interrogar sobre quando abandonámos a ideia de comunidade, passando a dar primazia ao individual. Se gostaram de álbuns como “Aqui Estamos Nós”, “Enquanto Isso, na Terra” ou “O Caminho Para Casa”, este é definitivamente mais um para coleccionar.
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