É uma pena que a Asa tenha apostado neste formato para Radiant, uma promissora série manfra – bandas desenhadas francesas inspiradas nos mangás japoneses – escrita e desenhada por Tony Valente, para a qual é quase preciso uma lupa para ler os balões de texto e atentar aos belíssimos pormenores. A série vale muito a pena, e ainda há tempo para a editora rever o formato da publicação (que vai em 4 volumes publicados), não importando que os volumes tenham alturas diferentes na estante.
Estamos em Rumble Town, a Cidade do Ruído Incessante, onde Seth, aprendiz de feiticeiro, péssimo avaliador no que toca a ameaças e com um défice de atenção considerável, recebe um bom incentivo do seu treinador enganadoramente velhinho: “Em duas semanas, os teus progressos foram impressionantes, palerma!”. Tão impressionantes que o mentor diz que já está pronto para enfrentar…uma cabra. Ou melhor, uma cabra velha, doente e coxa.
Seth é, para quem perdeu o primeiro volume ou já não lembra da trama, um infectado, o que implica ter uma deformidade física. Banidos pela sociedade, os infectados são ainda assim a única defesa contra os monstros, que por estes dias estão a chegar em força. Seth é, porém, um infectado especial: tem a capacidade de fazer magia sem luvas, um desvio que a Inquisição considera inaceitável. O que fez com que Seth se tornasse um caçador por conta própria, lutando contra os Némesis, ainda que as suas habilidades estejam longe de ser sensacionais. Quanto ao Radiant, nome que dá título à série, é o suposto lugar onde nascem os monstros, que Seth define como o seu objectivo quando for capaz de abandonar Rumble Town.
Neste “Radiant 2” (Asa, 2024), Seth descobre uma forma alternativa de apanhar os Némesis ao simples vaguear: fazer uma parceria com um feiticeiro que recolha informações e provas, tornando-se assim um informador, o que lhe permitirá trabalhar com vários feiticeiros caçadores e dividir as missões assim que encontram pistas. Doc, informador de Mélie e que tem emprestado dinheiro a Seth – o maior devedor da zona por não ter lido as letras pequenas do contrato -, parece ser o feiticeiro ideal, mas não está virado para aceitar parcerias. Até que Seth, depois de lhe moer a cabeça, consegue que este o aceite como Informador caso consiga capturar um Némesis… vivo.
Um segundo volume ainda melhor que o primeiro, onde ficamos a saber que todos os Némesis têm uma marca – apesar de não se saber o que isso significa -, se aborda o tema da imigração – “Gente com turbante, com véu, barbudos… ocupam tudo! Há sítios onde já não nos cruzamos com um branco!” – e se conhece a história do Seth pequenino, quando foi salvo por Alba e ficou a viver num dirigível.
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