É, como se lê no sub-título, um álbum de memórias ilustradas de quem nasceu nos anos 80. Escrito e desenhado por Catarina Gomes, “Querido Passado” (Iguana, 2024) cruza o relato autobiográfico com um esmerado portefólio, onde o leitor tem acesso ao percurso pessoal da ilustradora e a todo o seu arsenal criativo, onde descobrimos recortes, colagens, desenhos ou objectos, tudo arrumado de forma exemplar e com uma assinatura que é já inconfundível.
Após uma declaração onde assume um lado claramente lamechas, a narradora deste álbum apresenta ao leitor o seu plano de trabalho, numa lista dividida entre Fotografar – seja um copo de bagaço ou um telefone oldschool -, Digitalizar – quer fotos antigas, quer papel de alumínio – e cartas dirigidas, em registo de diário, ao querido passado.
Catarina Gomes leva-nos por ruas sem saída, faz-nos viajar sem cinto de segurança, empresta-nos uma cassete para gravarmos músicas que vão passando na rádio, tricota-nos daquelas camisolas que picam, convidando-nos para uma festa de anos que troca a ida a um parque de diversões pelo conforto do lar, doce lar.
Uma viagem pessoal entre a literatura de viagem e o registo diarístico, que oferece ao jovem leitor “fragmentos de memórias” daquilo que foram os anos 80. Se ainda não conhecem o trabalho de Catarina Gomes, este livro é a porta de entrada perfeita.
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