À boleia de “Histórias de Adormecer para Raparigas Rebeldes”, já com duas edições nas livrarias e a porta escancarada para uma terceira, chegou às livrarias “Portuguesas com M Grande” (Nuvem de Tinta, 2018), com textos de Lúcia Vicente e ilustrações de Cátia Vidinhas, que se vira para o território nacional apresentando 42 “mulheres que tiveram a coragem de sonhar e mudar a sua vida. E a dos outros”. A escolha sobre o número 42 não aconteceu por acaso: em 2018, no ano do lançamento desta edição, comemoraram-se os 42 anos desde que foi permitido o direito de voto às mulheres em Portugal.
No prefácio, Marisa Martins escreve o seguinte: “Na história oficial há muitos vencedores e heróis. Quase nunca se lembram os derrotados, os que tiveram de ceder ou os que ficaram em minoria. Mas o silêncio maior é a quase ausência de mulheres”. Quanto a Lúcia Vicente, fala deste livro como um desejo de contar à filha histórias sobre mulheres que não foram princesas ou resgatadas por príncipes, mas que ainda assim – e sobretudo por isso – devem servir de inspiração a outras mulheres.
Entre esta pequena e grandiosa enciclopédia feminina encontramos: Beatriz Costa, “actriz, escritora e aventureira”; Maria Helena Vieira da Silva, “artista, apátrida, criadora de mundos”; Catarina Eufémia, “ceifeira, activista política, símbolo de resistência anti-fascista”; Ana de Castro Osório, “médica, sufragista, impulsionadora da literatura infantil em Portugal”; Natália Correia, “poetisa, deputada, sacerdotisa do romantismo”; Amália Rodrigues, “fadista, poetisa, rainha do fado”; Maria de Lourdes Pintassilgo, “deputada, engenheira, primeira-ministra do V Governo Institucional”; Padeira de Aljubarrota, “almocreve, padeira, aventureira destemida”; Celeste Mousaco, “mulher-polícia, mãe, doméstica”; Paula Rego, “artista plástica, feminista, encarceradora de medos”; ou Tété, “mulher-palhaço, artista de circo, mentora das artes circenses”.
Para o final fica um glossário com questões como “Quem é?” ou “O que é?”, com notas enciclopédicas que dizem mais sobre figuras como Catarina II da Rússia ou Amelia Earhart e explicam palavras como Escravatura, Estado Novo ou Homofobia. Cada uma das 42 mulheres que se passeiam por esta edição tem uma ilustração dedicada, acompanhada das datas de nascimento e morte e uma página inteira de história. Com M grande.
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