“Porque Choramos?” (Akiara Books, 2021). É esta a pergunta que Mário coloca à sua mãe, depois de algum tempo de silêncio. A mãe meditou na resposta a dar e, por fim, respondeu: “Ora bem, Mário, choramos por diversos motivos”. Choramos de dor, de desconforto. Algumas pessoas choram de fome, de tristeza – que às vezes é “tão grande que não cabe no corpo e tem de escapar por algum lado” -, de raiva – que precisa de ser descarregada – mas, também, de alegria ou felicidade.
Ao responder ao filho, a mãe recorda que, quando não entendemos o mundo, choramos em busca de uma reposta. Choramos quando esperamos um abraço e só há solidão. Choramos porque somos “um mar imenso e não podemos evitar a tempestade”, mas, também, porque temos medo, vergonha ou, simplesmente, porque “não encontramos as palavras adequadas”. Choramos porque “sentimos vontade de chorar. Isso é o mais importante”.
“Porque Choramos?” é um álbum ilustrado belo, de frases curtas e pleno de poesia. Um bálsamo para os momentos mais tristes, angustiantes ou mais esfuziantes. As ilustrações de Ana Sender, de página dupla, estão em plena articulação com o texto. As guardas são feitas de lágrimas, de muitas lágrimas. No final do livro encontramos uma radiografia de uma delas, assim como propostas de exploração a partir de metáforas.
Fran Pintadera afirma que nascer numa ilha é algo de curioso. Se tivesse nascido uns passos mais para a direita, ou uns passos mais para a esquerda, teria saído das ruas de Las Palmas de Gran Canaria e nascido no mar – e talvez agora fosse um peixe. Isso proporcionar-lhe-ia coisas estupendas, como ver recifes de coral ou mergulhar durante horas sem ter de vir à superfície para respirar. Contudo, não poderia escrever contos ou, se o fizesse, seriam apenas papéis molhados. Mau negócio. Felizmente nasceu em terra firme, e cedo pegou num lápis e começou a escrever histórias. É autor de numerosos livros infantis, tendo recebido o XI Prémio Internacional Compostela para Melhor Álbum Ilustrado em 2018.
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Fantástico