Depois de um volume em modo de tiras cómicas, o oitavo livro da colecção Bia e o Unicórnio embarca numa história de corpo inteiro, onde se faz muito teatro e se pede, no final, uma merecida salva de “Palmas para o Unicórnio” (Nuvem de Letras, 2020).
“O que é uma melhor amiga? Um fardo ou uma oportunidade? Um modelo a seguir ou um mau exemplo a evitar?”. É com esta carga emocional e a grande profundidade que se vai escrevendo a peça de Bia, que será apresentada no acampamento de teatro onde irá passar parte das suas férias. Uma decisão consciente de uma miúda especial, isto depois de ter trocado a música pelo teatro ao fim de vários anos e acampamentos: “Mais cedo ou mais tarde, haverá drama na minha vida. Pareceu-me uma boa ideia aprender a lidar com isso”.
Drama é, afinal, coisa que não falta neste volume. A Pureza, o egocêntrico unicórnio e melhor amiga de Bia, decidiu convidar a sua irmã, Florência de Narizas Infelizes – ou, para os amigos, a irmã que espirra aranhas -, a juntar-se a elas no acampamento, o que faz com que Bia se sinta excluída e posta de lado.
Com Pureza noutro comprimento de onda, Bia junta-se à sua amiga Sue – que faz coisas tão fixes como entrar em concursos de cuspo e que tem um monstro do lago como parceiro de brincadeira – para, juntas, escreverem um musical sobre a amizade que, a julgar por versos como “às vezes os nossos melhores amigos esquecem-se de nos estimar” ou “e às vezes tu e o teu amigo monstro do lago cobrem-se de algas e fingem que são espinafres”, tem tudo para correr mal.
Uma história sobre a amizade e todo o lado dramático a ela associado, que nos traz mais uma vez um mantra essencial à vida e à personalidade, num mundo onde o que há mais é carneirada: “Não deixes de ser esquisita”.
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