Segue imparável a publicação da obra de David Walliams em Portugal pela Porto Editora, com mais um volume de capa dura a juntar-se à série iniciada com o bem cotado “Avozinha Gangster”.
“Pai Sarilho” (Porto Editora, 2018) começa por apresentar-nos aos vários tipos de pais, que podem ser altos ou baixos, espertos ou burros, barulhentos ou silenciosos. E, mais importante do que isso, pais bons ou pais maus.
Chico tinha um pai bom, amante de velocidade e exímio piloto de corridas, que conduzia um mini a que carinhosamente chamava de Rainha. Depois de anos a acumular prémios e uma considerável maquia para lhe servir de pé-de-meia em tempos menos afortunados, sofre um acidente que o obriga a amputar a perna direita. A partir de aí foi sempre a descer: perdeu o emprego, a mulher abandonou-o e, em três tempos, foram-se todas as meias e recheio de casa, passando a viver com o filho Chico em condições miseráveis.
A luz ao fundo do túnel aparece quando é convidado a conduzir muito depressa em estradas verdadeiras, mas se tivermos em conta que o empregador é um dos mais poderosos criminosos da cidade a coisa só poderá correr mal. A não ser que Chico, inspirado no mais vertiginoso filme de John Woo da fase americana, invente uma solução milagrosa.
Com muitos mimaços e uma história com um toque de Segredos e Mentira à moda de Mike Leigh, David Walliams serve mais uma divertida história para a pequenada, onde a velha máxima de que o dinheiro não traz felicidade é levada ao extremo diante de uma bem desenhada galeria de personagens: a Tia Fi, que escreve livros de poesia – todos por publicar – onde se incluem poemas como “Odes a uma Poça” ou “As Alegrias da Quiche”; o Sr. Grande, um mestre do crime que, seja qual for a altura do dia, usa pijama de seda, robe e pantufas de veludo; Dedos e Polegares, os capangas do Sr. Grande, que ganharam as alcunhas por, respectivamente, terem dedos longos e finos ideais para roubar carteiras e polegares enormes para infligir dores horríveis nos inimigos; a Reverenda Judite, com inovadores métodos de marketing como provas de vinho da Eucaristia; o Sargento Chacota, que chama ao pai do Chico coisas como “o preguiçoso uni-pé” ou “o homem-coto mandrião”; e, claro, o já da casa lojista Raj, que provavelmente come mais doces do que aqueles que consegue vender e está sempre pronto a fechar negócio.
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