Esta é a história de uma família onde cada novo membro nascido chamar-se-ia João ou Maria. Esta é a história da família Swift.
“A coisa tornava-se confusa ao jantar, quando alguém pedia a um João que passasse as batatas e dez mãos se lançavam sobre a travessa ao mesmo tempo, pelo que Maria Swift XXXV deu início à tradição de dar nomes aos seus filhos servindo-se do Dicionário da Família.”
Um dicionário de família? Sim, um velho e grande calhamaço, “com capa de couro e as costuras das páginas de calfe, pergaminho e papel em esforço, com algumas entradas em fontes simples e modernas, outras em letras de máquina irregulares e outras ainda rabiscadas numa caligrafia manuscrita em que os esses pareciam efes”. O dicionário era levado ao quarto, pousado na cama e aberto ao calhas pela mãe do recém-nascido. E, assim, a família começou a ter bebés chamados Meretrícia ou Arrecuas. Tropelia Swift não é excepção: tal como o seu nome indica, está sempre pronta para arranjar problemas. Por agora, tem andado ocupada a preparar-se para a reunião da Família Swift, liderada pela matriarca, a temível tia Schadenfreude, que se apresentava de “costas rectas e ar fúnebre, com o seu vestido e o seu xaile negro” .
A reunião de família seria uma excelente oportunidade para esboçar a caça ao tesouro há muito perdido. Tropelia estava contente por conhecer parentes e rever outros. Contudo, a reunião não correu da melhor forma; pelo contrário, acabou em tragédia: a temida tia Schadenfreude é assassinada! Tropelia assume-se como detective, depois de assistir ao emergir de rivalidades antigas. Afinal, todos são suspeitos. É preciso estar atento às palavras, elas são poderosas. Conseguirá Tropelia descobrir o verdadeiro assassino?
“Os Swifts – Um Dicionário de Malandros” (Nuvem de Letras, 2023) é um policial para leitores perspicazes, amantes de trocadilhos e muitas palavras poderosas. A autora aproveita a família numerosa, os segredos escondidos e as múltiplas divisões da casa para imaginar cenários fantásticos, lançar pistas e criar uma narrativa deliciosamente divertida, repleta de mistérios, travessuras e estratagemas tortuosos com um único objectivo: salvar a família.
Os Switfs é o primeiro livro de Beth Lincoln, o qual nasceu do seu amor pelas palavras, do seu «gótico alegre» e da sua tendência para os clássicos de mistérios e suspense. Ao longo do livro encontramos algumas ilustrações de Claire Powell.
Beth Lincoln cresceu numa antiga estação ferroviária vitoriana, no Norte de Inglaterra. Os seus medos de infância incluíam bonecas de porcelana, a pantera de Durham e guarda-roupas pitorescos. Ela não cresceu nem alta, nem a sentir-se sábia e nunca aprendeu a tocar um instrumento, mas escrevia histórias, um mau hábito que persiste até hoje. Quando não está a escrever, Beth gosta de esculpir em madeira, desarrumar o quarto e conversar com os amigos mais próximos sobre factos bizarros. Adora fantasmas, batatas fritas e palavras «estranhas» como bumbershoot e zounderkite.
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