Os livros de David Walliams continuam a publicar-se como se não houvesse amanhã. Agora, depois de três volumes em capa dura dedicados às Piores Crianças do Mundo (ler críticas aqui, aqui e aqui), segue-se – também em capa dura – a edição de “Os Piores Profs. do Mundo” (Porto Editora, 2021), “dez histórias sobre professores que fazem as piores crianças do mundo parecerem uns meninos do coro” – mas que dá também a palavra a outros funcionários do aparelho do ensino. Mas quem são, afinal, estes e estas Profs. que espalham o terror nos corredores e salas de aula de escolas básicas e secundárias?
Eis a lista dos mais odiados por David Walliams, na qual o leitor reconhecerá quem sabe alguns traços da sua vida estudantil: Prof. Cismas, um tipo com um ódio profundo a bolas, muito provavelmente por, quando tinha 10 anos, ter sido atingido por uma bola de demolição. A partir do momento em que teve poder, lançou-se numa “torrente infindável de confiscações”, deitando a mão a uvas, ervilhas ou globos terrestres; o Prof. e a Prof. Amor-Perfeito, um casal unido pelas roupas e que destila tanto mel que é difícil andar por perto – a não ser que se seja um urso; a Prof. Rodinhas, uma velhinha com os olhos negros e a pele branca como a neve que, de forma a poder quitar a sua motoreta, decide levar as regras ao extremo, não se contentando com a proibição de se folhear os livros da biblioteca que dirige a pulso de ferro; a Prof. Empinada, que transformou a sala de aula num altar dedicado a si própria, e que se verá metida numa história com um certo toque a Edgar Allan Poe; o Prof. Terror, de quem se fala como sendo meio homem/meio monstro e que senta os seus alunos num indesejado cadeirão dos puns. O seu reinado será ameaçado com a entrada em cena – e na sala de aula – de Paul Pântano, um tipo húmido e lamacento, que transporta minhocas nos bolsos, tem galhos e folhas presos no cabelo e musgo a sair-lhe dos ouvidos; a Drª Ira, que espera há cinquenta anos pela reforma – ou mesmo a morte – da Dra. Eterna, agora com 99 anos, sonhando com tornar-se ela a directora da escola – e que utiliza os castigos para soltar a sua ira; a Prof. Drama, que pretende levar a palco a encenação condensada das 37 peças de Shakespeare; o Incrível Bucha, o Prof. de Educação Física com o look de balão de ar quente num fato de treino, que tem como maior arma conseguir matar os alunos de tédio à boleia de histórias malucas sobre conquistas desportivas; a Sra. Mixórdia, responsável pela Cantina dos Horrores, que exibe um olho de vidro, uma perna de pau e uma mão de ferro. Segundo reza a lenda, nasceu depois de ter enfiado a mão num tabuleiro de molho tóxico (que ela própria fizera); e, por último, o Prof. Fobia, um daqueles professores tão maus – e sobretudo assustadiços – que nem sequer dá aulas. Afinal, a sua maior fobia é estar perto de crianças.
A fórmula de David Walliams continua a não apresentar grandes variações, alimentada pelas ilustrações primorosas de Tony Ross, mas quem se divertiu com os piores alunos vai passar um mau tempo – no bom sentido – na companhia destes Profs – e, quem sabe, a reconhecer alguns deles como potenciais parentes daqueles com quem, durante largas horas da semana, vão partilhando salas de aula.
1 Commentário
É muito giro e divertido o livro