É uma espécie de joint venture entre a Pato Lógico, a Iglo e o MSC (Marine Stewardship Council), que nos mostra que, no que ao peixe diz respeito, há muito mais que douradinhos para servir à mesa – mesmo que, como nos mostram os cartazes afixados por toda a vila A-Ver-O-Mar, não faltem por aí peixes perdidos ou em vias de extinção.
No centro de “Os Peixes Que Fugiram da História” (Pato Lógico, 2021) está João, um miúdo de dez anos que, quando lhe perguntam o que quer ser quando for grande, responde: quero ser criança. Mas também outra coisa: “Quero ter uma profissão ligada ao mar. O problema é que não sei (ninguém sabe) se haverá peixes no mar quando eu for crescido”. O seu avô vive com um gato chamado Atum. Conhecido por todos como o Capitão, passa semanas sem ver terra à vista. Para ele, tanto na vida como no mar, “o ponto de interrogação é um anzol para as palavras”.
Na companhia dos amigos Rita e André, João descobre uma praia incrível, parecida com aquela a que Di Caprio foi parar antes de ser irreparavelmente estragada. Uma baía que se torna no segredo deste trio, que irá nadar com os peixes, conhecer a toca dos polvos e observar, na areia dourada, o vôo rasante das gaivotas. Isto até darem pelo quase desaparecimento dos barcos no mar, antevendo um futuro onde um quilo de sardinhas poderá custar 170€.
Com texto de Maria João Freitas e ilustrações de Mariana Rio, “Os Peixes Que Fugiram da História” é um livro de combate, que fala de alterações climáticas, sobrepesca, distúrbios no ecossistema marinho e a redução das populações de diferentes espécies. E que nos lembra que diversificar é importante, aconselhando-nos a ir além de bacalhau, salmão, atum, pescada e dos…douradinhos. Indicam-se, para tal, que espécies estão ameaçadas e algumas substituições que poderão ser feitas, como usar tainha em vez de robalo ou cavala no lugar da sardinha. Para o final ficam guardados os sete mandamentos do consumidor e, a fechar, uma fotografia para emoldurar da pequenada com o Capitão Iglo. Se tivermos juízo, ainda vamos a tempo de poupar nos cartazes.
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