Uma carrinha vermelha percorre uma longa estrada. Atravessa um caminho árido, aproximando-se lentamente. Que transportará? Para onde irá? Perguntas que acabam por se mostrar irrelevantes perante a grandeza das ilustrações cinematográficas, poéticas, sublimes e de extrema delicadeza do livro “Os Pássaros“(Orfeu Negro, 2020). Trata-se de um álbum fortíssimo, parco em palavras, com um ritmo bem marcado e uma expressividade visual estimulante: um verdadeiro tesouro.
A leitura em página dupla é obrigatória, tudo para acompanhar a história do camionista que abre a porta da carrinha vermelha para que, pássaros de múltiplas cores, possam voar em liberdade no céu azul, em busca de novas aventuras. Deliciado com a elegância do voo, fica observá-los até desaparecerem no horizonte.
Porém, sente que há “qualquer coisa mais”, “um pequeno nada. Muito pequeno. Normalmente, nem damos por ele. Porque as pequenas coisas não existem para que reparemos nelas. Existem para ser descobertas”. Um pequeno pássaro tímido, talvez inexperiente, precisa de ajuda. De um pequeno apoio. E, de repente, um pequeno gesto torna-se enorme, mostrando que há pequenos detalhes capazes de mudar o mundo.
Há histórias cheias de cor que aquecem o coração. Há histórias simples que nos dão que pensar. Há histórias que devolvem a liberdade. Há histórias simples que são poderosas, quer pela sua generosidade, quer pelo poder das pequenas coisas. Há pequenas histórias que se tornam enormes. Há histórias pequenas que são grandes livros. Há livros inspiradores. “Os Pássaros” é um desses livros.
O escritor Germano Zullo e a ilustradora Albertine vivem em Genebra, na Suiça, e são autores de diversos livros infantis e juvenis. “Os Pássaros” é a sua estreia em Portugal e na colecção Orfeu Mini, livro que conquistou, em 2011, o Prix Sorcières, atribuído pela Association des Bibliothécaires de France e, em 2012, o prémio de Melhor Livro Infantil Ilustrado, do jornal The New York Times.
Sem Comentários