É uma das mais castiças e doidas séries literárias apontadas aos mais pequenos, que os apresenta de forma subtil e à boleia do preto e branco à excelência da banda desenhada – isto se ainda não se tiverem perdido de amores por ela.
Com textos e ilustrações de Aaron Blabey, Os Mauzões são um gangue de animais que, de repente, decidiram deixar de ser mauzões e praticar o bem. Um pouco como se Tony Soprano e amigos trocassem a boa vida criminal pelo voluntariado, mudando-se de Chicago para um qualquer lugarejo onde água, comida e o mais singelo luxo são uma raridade.
Heróis ou vilões? É esta a pergunta colocada na reportagem especial de Paula Pantufa, na qual as galinhas do Aviário da Felicidade mostram o seu apreço por estes bad boys lançando mantras como este: “Devemos ter cuidado e não julgar os outros pela aparência”. Os Mauzões não são, porém, de adormecer sobre os louros, e em “O Bola de Pelo Contra-Ataca” (Porto Editora, 2018) têm já uma tarefa hercúlea entre mãos: tratar do pêlo ao Dr. Marmelada, um cientista multimilionário com um certo toque de loucura. Neste terceiro volume encontramos também um ninja discreto, armas secretas, um lobo apaixonado e uma série de zatinhos.
Por falar neles, é no volume quatro que se dá “O Ataque dos Zatinhos” (Porto Editora, 2018), que basicamente são gatos tresloucados – ou monstrinhos miadores – que podem tomar o mundo de assalto. A solução para esta crise poderá estar nas mãos de uma improvável Avozinha Jararaca, que tem um dedo especial para tudo o que são poções e antídotos. Mas se há coisa que não falta ao Dr. Marmelada são cartas na manga, e não será uma Avozinha armada em bruxa que irá impedir os seus planos de exterminar o mundo. Para o impedir, os Mauzões terão de empreender uma viagem que exige muito coração e equipamento de primeira.
Blabey retrata estes bonzinhos do pior de uma forma ternurenta e algo alucinada, em ilustrações expressivas e de traço pouco carregado que ganham vida própria muito graças ao jogo de letras, no qual sobressaem as maiúsculas carregadas a negro. O próximo volume promete é muito: há foguetões tomados de empréstimo, fatos espaciais e alguém que comeu burritos de feijão a mais.
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