Passaram-se 1600 anos desde o Éden, quando um tipo nu e sem cicatrizes acorda com a cara enfiada num lago de merda, contando como um dia teve uma família sem que a coisa tivesse resultado: “Os meus pais nasceram no Paraíso. Um lugar sem desejo. Sem morte. Um jardim perfeito onde podiam viver toda a eternidade. Bastou-lhes um par de semanas para serem corridos de lá”.
“Os Malditos Livro Um: Antes do Dilúvio” (G. Floy, 2018) apresenta-nos a Caim, filho de Adão, uma espécie de inventor do homicídio que acabou amaldiçoado por Deus depois de ter morto o seu irmão.
Noé, o tipo da arca, surge aqui como um verdadeiro bad ass, um “lenhador, caçador, construtor de navios”. Quanto ao primeiro rasto de humanidade nesta série de cenários desoladores, surge com a entrada em cena de Aga, que até veio de um sítio pouco simpático conhecido como os Pântanos de Alcatrão. Juntos, Caim e Aga irão à procura do filho desta última, a quem Caim havia recusado ajuda, enfrentando para isso um verdadeiro inferno onde moram monstros pré-históricos e salteadores da Idade da Pedra.
Neste mundo dos Malditos – The Goddamned na versão original -, Jason Aron inventa a história do homem antes do seu primeiro Apocalipse diluviano – com desenhos de r.m.Guerá que estão entre a alucinação e a poeira de um Mad Max e a chacina sem perdão de um Conan o Bárbaro -, tudo para construir um manual ateísta onde Deus é tratado recorrendo a uma lista quase infindável de impropérios. Um livro para ateus ou católicos não praticantes.
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