Já muitas letras foram gastas e muita tinta foi derramada no que diz respeito a contar histórias sobre o sempre complicado primeiro dia de escola ou, então, a dificuldade em fazer novos amigos. Ainda assim, Ryan T. Higgins conseguiu sacar um coelho da cartola e, de forma genial e muito divertida, apresenta-nos “Os Colegas Não São Para Comer” (Gradiva, 2019), um livro que se arrisca a ser candidato à história que a pequenada mais quererá ouvir antes de ir dormir.
A pequena protagonista dá pelo nome de Penélope Rex, que por estes dias anda nervosíssima com ter de ir à escola pela primeira vez, colocando a si própria as perguntas que todos os iniciantes à vida escolar levantam: “Como é que serão os meus colegas? Serão simpáticos? Quantos dentes terão?“.
O seu animal favorito é o pónei, até porque é bastante delicioso, mas o seu almoço consiste em 300 sanduíches de atum e um sumo de maçã para empurrar. Os seus colegas parecem estar no ponto para serem comidos mas, depois de uma primeira fornada, a professora chega-se à frente de forma impetuosa: “Os colegas não são para comer! Cospe-os já imediatamente!“.
Depois desta entrada em falso, Penélope esforça-se muito em fazer novos amigos, mas ninguém parece querer dar confiança a quem mostra ter uns dentes impecáveis e um apetite voraz. O pai bem tenta apoiá-la, mas nem mantras importantes como este são capazes de animar uma filha desgostosa: “Sabes, Penélope, as crianças são iguais a nós por dentro. Só que são mais apetitosas“.
Um livro fantástico sobre o respeito pela diferença, o medo da novidade e a necessidade de nos sabermos colocar no lugar do outro. Mesmo que esse outro se pareça com um incrível petisco.
Ryan T. Higgins é autor e ilustrador do bestseller Mother Bruce, galardoado com o prémio E. B. White Read-Aloud e com o Ezra Jack Keats New Ilustrator Honor: bem como o de Hotel Bruce: Be Quiet!; e Bruce`s Big Move. É habitualmente vegetariano e nunca comeu os seus colegas. Vive no estado do Maine com a sua mulher, os filhos e muitos animais de estimação.
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