Se tivéssemos de eleger os personagens mais cool, desbocados, cómicos, irónicos e explosivos do universo mangá, há um que estaria certamente em todas as listas, acabando por reunir todas as características atrás referidas: Saitama, o herói maior da alucinada série japonesa intitulada One Punch Man.
Saitama que, um dia e como quem acorda e decide ir comprar pão e o jornal desportivo, resolve ser um herói, de forma a combater, mas apenas nos tempos livres, o mal que ameaçava os seres humanos. Algo que aparentemente consegue fazer usando apenas um golpe, mas a sua força está longe de ser reconhecida pelos seus pares, talvez por acharem que ele tem o ar de um nenuco fofinho. Juntamente com Genos, o seu discípulo da classe S – aqui tudo está disposto em classes e hierarquias rígidas -, continua a sua actividade heróica, acabando por subir da classe C para a B.
As coisas começaram a ficar mais negras quando a profetisa Shibabawa, pouco tempo antes de morrer, previu um grande perigo para a Terra, que chegou pouco depois quando o planeta foi atacado pelo grupo de ladrões Dark Matter, liderados por Boros. Os heróis dispersaram-se e as lutas épicas tiveram início na gigantesca nave espacial, entre Saitama e Boros, mas também na Terra, com vários heróis da Classe S e inimigos extra-terrestres a baterem-se com muito estilo.
É este o cenário que precede a entrada em “One Punch Man 7” (Devir, 2018), onde os heróis continuam a procurar, algures no corpo gelatinoso dos aliens, os berlindes que permitem a sua destruição. Boros, esse, está deveras impressionado com Saitama, e até lhe faz um elogio – “És o primeiro oponente que consegue lutar ao mesmo nível que eu” -, para logo sacar de todo o seu arsenal, do qual fazem parte a explosão meteorítica ou o rugido do canhão que colapsa planetas. Até a bicheza que veio com Boros parece compreender a dificuldade e o exagero do chefe: “O Dom Boros exagerou“. Mas Saitama tem também alguns truques na manga – e sobretudo nos punhos -, passando de uma chuva de socos normais a socos a sério sem grande esforço.
Como sempre acontece, One Punch Man é um mundo onde a surpresa está sempre a bater à porta. Desta vez temos a entrada em cena de O Bonito Máscara Doce, que calhou estar ali por perto a gravar uma novela, e que aparece quando tudo já está mais calmo para criticar os alunos da classe S por não terem conseguido impedir a destruição.
Mesmo sendo o maior dos maiores, Saitama continua a ser visto e a ser chamado pelos seus pares com nomes e alcunhas tão pouco castiças quanto “lâmpada“, “abacate“, “careca” ou “cara de estúpido” mas, quando a polícia olha com maus olhos para a Associação dos Heróis, é uma vez mais ele que na sombra consegue criar a harmonia. Um herói desbocado mas discreto, de ar fofinho mas mortal, que parece ter abdicado da juventude para ajudar o mundo a entrar nos eixos. E que prefere deixar a glória para os outros, abraçando o cinzentismo do anonimato. Uma série carregada de acção e comédia q.b., com desenhos explosivos que transformam a sua leitura numa experiência visual ao nível da sétima arte.
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