A saída de um novo e triplo volume de One Piece é, diga-se em jeito de introdução, muito parecida com aquele dia em que o salário pinga na conta bancária, ou quando partimos para duas semaninhas de férias deixando o telemóvel num confortável silêncio.
“Sucessor de Uma Vontade” (Devir, 2024), o volume 6 com edição portuguesa pela Devir – reúne os volumes 16, 17 e 18 da série original -, é Eiichiro Oda num perpétuo pico de forma, expandindo a sua habilidade como contador de histórias naquela que é, diga-se sem vergonha, a maior série de aventuras em formato mangá, qualquer coisa como um cruzamento entre o Harry Potter e a Ilha do Tesouro.
A aventura do volume 17 – Sucessor de Uma Vontade – começa, quem diria, com uma avalanche de neve e… coelhos. Mais propriamente de Lapahns, um misto de coelho e urso polar com um ar extremamente zangado. Um acontecimento que dificulta ainda mais a missão do carregado Luffy, que pretende chegar ao castelo no topo da montanha em busca da médica que possa salvar a vida da febril Nami. A médica dá pelo nome de Dra. Kureha, que tem todo o ar de uma Patti Smith caso tivesse trocado a Música pela Medicina.
Um achado neste volume é Chopper, uma “rena com nariz azul que parece um peluche”, que mais à frente irá desempenhar um papel decisivo nesta série. É através de Chopper que nos é contada a incrível história do Dr. Hiruluk, o médico incompetente que lhe deu o nome, o acolheu mas que, acabou por lhe partir o coração. Conta-se também a história do Reino de Drum, e de como este passou de um Paraíso a um lugar onde o SNS entrou em colapso, numa tirania comandada pelo Sr. Wapol, um auto-proclamado rei que quer agora recuperar o controlo do castelo.
A aventura prossegue em A Cerejeira de Hiruluk – volume 17 -, que retoma uma aparente vitória por KO de Luffy sobre Wapol, que tenta agora um assalto ao castelo que, por esta altura, tem desfraldada uma bandeira de piratas – que ganha aqui uma dose de significado extra. A caminho do castelo segue também um cortejo popular, animado pela descoberta de que Dalton, o utópico e intrépido lutador que Wapol afastou, não está afinal morto, mas pronto a seguir o ensinamento deixado pelo médico incompetente, que assenta como uma luva a esta revolução popular: “Não podem perder mais homens sonhadores!!!”.
Mesmo num cenário de combate, o invulgar grupo de piratas vai tentando recrutar mais elementos para a sua causa, cnseguindo-o numa celebração com muitas lágrimas, despedidas difíceis e o milagre da neve cor-de-rosa. Em jogo entra também Crocodile, membro dos Sete Grandes Corsários que, apesar de ser visto como um herói pelas gentes de Alabasta, tem um plano secreto de a conquistar. Conhecemos também, através de um esquema caprichado, o funcionamento da Baroque Wars, bem como uns acrescentos à história de Vivi, uma verdadeira princesa do povo – a Diana do mangá.
A fechar temos Introdução do Ace – volume 18 -, onde o grande destaque vai para o poder das frutas, capazes de conferir habilidades tão incríveis quanto a Mane Mane: quem a ingere, basta tocar na mão direita de uma pessoa para a conseguir imitar, assumindo a sua fisionomia. Há salvamentos envenenados, sinais secretos, provérbios inventados – “Quando tens fome, come” -, o regresso improvável de um irmão mais velho, um pó que consegue chamar a chuva e uma cidade sem água. Com um novo elemento na tripulação a dar cartas, a missão agora é chegar junto dos rebeldes, derrotando-os ou convencendo-os a desistir de uma revolta condenada ao fracasso. Venha de lá mais um salário!
Sem Comentários