Foi, para quem gosta de mangá, uma das notícias mais felizes de 2023: a publicação, pela Devir, de One Piece, uma série com mais de 100(!) volumes – publicados em volumes triplos na edição portuguesa –, assinada por Eiichiro Oda, que começou a ser desenhada em 1997. Uma série que partiu de uma das grandes paixões de Oda – a pirataria -, tratando de a homenagear com muito estilo, humor e algum nonsense, num mergulho com duplo mortal encorpado à rectaguarda no imaginário japonês, feito de mitos e lendas. “Lua Crescente” (Devir, 2023), o segundo volume de One Piece, reúne os volumes 4, 5 e 6 da série original – Lua Crescente, Por Quem os Sinos Dobram e O Juramento -, mantém o clima de festa.
Em Lua Crescente, o boca larga Usopp vive na pele a história de Pedro e o Lobo, não conseguindo passar a mensagem de que está iminente uma invasão dos Piratas Gato Negro, que pretende eliminar do mapa a menina Kaya, pertencente à família mais rica da ilha onde Luffy, Zoro e Nami aportaram. Tudo para ver se conseguem um navio emprestado, retomando a viagem em busca do grande tesouro escondido algures na Grand Line.
Uma invasão liderada por Jenga, mais conhecido como Hipnotista, dono de uma indumentária que lhe abriria na boa as portas do Moda Lisboa. Um volume onde descobrimos Luffy a dormitar nos piores momentos e no qual se prova, ao estilo de um clássico romance policial, que a culpa é sempre do mordomo. A secção de perguntas e respostas, essa, continua a ser uma fonte inesgotável de diversão.
Em Por Quem os Sinos Dobram, recuamos três anos no tempo para conhecer a história do Capitão Kuro, e da sua decisão de abandonar o navio por uma causa maior. Entretanto, a pequenada começa a perceber que será difícil trocar as voltas ao Hipnotista, sendo necessário inventar uma estratégia fora da caixa para vencer uma batalha que parece estar perdida desde o início.
Depois de um combate bem rasgadinho, Luffy e companhia ganham um novo tripulante e seguem, numa caravela baptizada de “Going Merry”, para o mar, onde se irão esgatanhar na distribuição de papéis e tarefas – os papéis de género serão postos à prova. O objectivo maior é agora o de recrutarem um “cozinheiro especialmente formado”, que poderá estar a bordo de um navio-restaurante que reúne uma tripulação muito particular, liderada pelo Tenente da Marinha Fullbody – ou Punho de Aço. Há também uma nova ameaça a rondar Lyffy e amigos: Krieg, o líder do grupo de piratas mais forte de todo o mar de leste.
A fechar este segundo volume está O Juramento, precedido, ao estilo de um falso prefácio, por uma inquietação filosófica muito pertinente da parte do autor: “Sabiam? Quando comemos esparguete com tinta de chocos o cocó fica preto. Fica mesmo preto. Então se comermos esparguete da cor do arco-íris será que o cocó fica com a cor do arco-íris? Como será? Será que não é muito importante?”.
A contratação do cozinheiro oficial continua complicada, e há também rumores de que a frota de Krieg, composta por 5000 homens e 500 navios, terá afinal sido dizimada na Grand Line, e tudo às mãos de um só homem – Mihawk, o homem dos olhos de falcão, o espadachim mais poderoso do mundo –, com quem Zoro decide travar um épico e honroso duelo, que guarda uma inesperada surpresa para o final. “Velhote Desgraçado”, o terceiro volume da série, está quase a atracar nas livrarias.
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