Olivia “tem jeito para muitas coisa. Incluindo o jeito para dar cabo da paciência das pessoas”. E até mesmo da sua. Com textos e ilustrações de Ian Falconer, Olivia tem como protagonista uma porquinha irrequieta, que faz da sua casa um mundo de possibilidades.
“Olivia” (Gradiva, 2023), o homónimo álbum de arranque, serve para nos apresentar ao ambiente familiar de Olivia – os pais, o cão Perry, o gato Edwin e Ian, o irmão mais novo e com uma costela de macaquinho de imitação -, bem como de cartão de visita a esta catraia: gosta de passar modelitos, é uma pro na arte efémera dos castelos de areia, adora arte clássica e acha tudo o que é arte abstracta aborrecido e fácil de replicar. Além disso sonha bem alto, e diz nunca ter sono.
Em “Olivia… e o Brinquedo Desaparecido” (Gradiva, 2023), Olivia vê-se acordada de um animado passeio de camelo pelo Egipto para jogar futebol. Claro que, para Olivia, há sempre algo que deve mudar para melhor – neste caso a cor da camisola, já que acha o uniforme verde demasiado feiote. Enquanto a mãe tricota e Olivia lê o jornal, o seu brinquedo preferido desaparece. Não o encontrando debaixo do jornal ou debaixo do gato, é o irmão que sai na rifa.
Nessa noite, enquanto toca piano desafiando a escuridão e a tempestade se faz ouvir lá fora, Olivia escuta um som horrível, não perdendo a coragem para ir ao seu encontro. É nesta altura que os mais catraios irão sentir os pelos a eriçar-se, até serem apaziguados por uma surpresa de grande formato que serve para desvendar o mistério do brinquedo perdido. Um livro sobre o perdão que perpetua e alimenta a boa tradição de uma – ou três, no caso de Olivia – história antes do sono.
As ilustrações a preto e branco são realçadas por apontamentos a vermelho, que tanto podem ser de uma corda que serve para saltar, o cabo de um martelo, as riscas de uma bola de praia ou a cor da lombada de uma capa de um livro, apertado entre vários, acrescentando-se o verde ao segundo volume. Não há como não gostar desta Olivia.
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