“Olhos tropeçando em nuvens e outras coisas” (Caminho, 2017), o novo livro da dupla constituída por João Pedro Mésseder e Rachel Caiano, foi ao Oriente buscar inspiração. “Não são bem haicais mas quase“, avança Mésseder logo no prefácio, pretendendo que estes haikus, ilustrados com o encanto habitual de Rachel Caiano, sirvam também para acender no leitor a urgência da criação: “Aí os deixo, nas tuas mãos – na esperança de que te sintas desafiado/a a compor os teus próprios poemas“.
Os poemas breves de Mésseder mostram preocupação social e política, tocam ao de leve na Filosofia, questionam o sentido do mundo e abraçam as coisas belas e misteriosas da natureza, terminando com uma benção solar:
“Tem o mais belo nome
– manhã –
o país da claridade.”
Já aqui o dissemos e voltamos a repetir. Poucos desenham o corpo humano como Rachel Caiano: o olhar sonhador, a melancolia que o atravessa, a inquietação que respira. Uma ilustradora que parece olhar para o mundo como uma tela por preencher deixando-o, a cada livro, mais bonito.
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