Depois de “Espera, Miyuki”, uma ode à lentidão entre a celebração visual e uma homenagem a toda a cultura japonesa, onde se dançava a valsa em vez do tango entre origamis, porcelanas, flores em várias cores e feitios, gatos e kimonos, Roxane Marie Galliez e Seng Soun Ratanavahn reeditam a parceria e trazem-nos “Obrigado, Miyuki!” (Orfeu Negro, 2021). Um álbum mais virado para o equilíbrio interior, que arranca à boleia do espírito dos haikus: “Orvalho malva, cacimba sobtre os campos, o Avô levantava-se para saudar o vento”.
Uma calmaria a que Miyuki não está habituada, questionando o avô como aqueles miúdos que, dentro de um carro, não param de perguntar se falta muito para chegar ao destino: “Quando é que começamos a meditar, avô?”.
Avô que, esticando a posição de lótus ao limite e por entre o silêncio, peixes vermelhos, bagas, plantas, flores e várias canecas de chá, mostra a importância de não pensar nem no antes nem no depois, gastando energia apenas com o momento presente. Os desenhos são belíssimos, dominando padrões onde o verde, o amarelo, o vermelho e o rosa nos oferecem uma aula de meditação ilustrada.
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