Tudo começa com um momento de confidência – ou, pelo menos, uma tentativa -, partilhado entre a mamã corvo, uma ave cuja sombra cai sobre a floresta “como um borrão de tinta da China”, e um urso já avô, “quase tão velho como o próprio Inverno”.
O problema é que o urso, já bem estendido na linha temporal, não se consegue lembrar do segredo que com ela quer partilhar, e que faz com que as suas noites sejam passadas em branco, a esgotar tentativas de adivinhação e a dar trabalho a uma memória preguiçosa.
Quanto ao leitor, vai descobrindo o segredo que repousa em lume-brando, guiado pelas ilustrações que, do dominador preto e branco inicial, cede vagarosamente o lugar à cor. Tudo com desenhos a lápis de cor e aguarela e trabalho com colagens que saltam à vista, conferindo um lado tridimensional a uma história de amnésia temporária.
Com muita poesia e num cenário naturalista, os mais pequenos irão descobrir “O Segredo do Avô Urso” (Kalandraka, 2019) enquanto se lançam numa visita guiada a uma floresta, aprendendo pelo caminho alguns antónimos, conceitos espaciais e, pelo menos, duas estações do ano.
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