O que manterá junta a família Bronca, uma família aparentemente normal, que gosta de comer gelados, de praia, futebol e festas, de esplanadas e de passear de carro? As hipóteses levantadas são muitas, como o hábito de conversarem muito, os ensinamentos dos antepassados ou os concursos de palavras inventadas. A cola, porém, parece ser de outra matéria: o amor aos livros. Mas o que fazer quando, nesta casa e na mão desta gente, os livros sofrem tantos acidentes que precisariam de um 112 dedicado?
Com texto de Carla Maia de Almeida e ilustrações de Sebastião Peixoto, “O Secador de Livros” (Caminho, 2018) apresenta-nos um núcleo familiar muito literato onde cada um é maluco à sua maneira: uns gostam de ler enquanto pescavam, outros enquanto vão dando comida à boca alheia, falhando avião atrás de avião; uns babando as páginas abertas depois de adormecerem, outros lendo romances góticos no espelho enquanto pintam o cabelo e arranjam as unhas.
A gota de água nesta desordenada leitura surge quando a biblioteca familiar começa a emagrecer a um ritmo desenfreado, ao mesmo tempo que os vizinhos os começam a olhar de forma estranha e os professores, esses, vão escrevendo raspanetes nos cadernos dos mais novos. Será o lavador de livros a solução para todos os males?
Num livro onde o lema parece ser qualquer coisa como “cuida bem dos teus livros”, presta-se uma bonita e molhada homenagem à leitura e às famílias orgulhosas das suas bibliotecas, que servem como um portal para novos mundos, reais e/ou imaginários.
As ilustrações de Sebastião Peixoto são já de assinatura, revelando algum espírito de assombro, com olhos que parecem esconder muita traquinice e ainda mais malandragem.
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