É mais um policial que vem do frio, desta vez assinado pela islandesa Eva Björg Ægisdóttir, que com “O Ruído na Escada” (Quetzal, 2024) inaugura uma série intitulada Islândia Proibida.
A acção decorre em Akranes, uma pequena cidade à distância de 45 minutos de Reykjavik. É aí que, junto ao farol, é encontrado o corpo de uma mulher, que ao contrário das suspeitas iniciais não é de todo uma forasteira.
A investigação é entregue a Hördur, um tipo que “aparentava mais de cinquenta anos, com cabelo grisalho formando anéis desalinhados de ambos os lados do seu longo rosto”, com dedos elegantes e as unhas bem cuidadas; e à detective Elma, que acabou de sair de um relacionamento de 9 anos e de uma cidade electrizante para um regresso algo amargo à terra que a viu crescer, e da qual não guarda as melhores recordações.
Numa investigação complicada e com tudo para ficar sem desfecho, a chave poderá estar num passado trancado à chave. À medida que vão removendo os escombros da memória, Hördur e Elma vão unindo os vários pontos, fazendo cair as muitas máscaras construídas, quer sobre o estatuto social quer por uma auto-imposta anestesia colectiva.
Eva Björg Ægisdóttir gere com habilidade a trama policial com o ADN das personagens, e fica claro de que há ainda muito por conhecer sobre esta dupla de detectives que o acaso e o infortúnio acabou por juntar. Esperemos que a claustrofobia e a complexidade da trama se mantenham no segundo volume.
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