O Reino dos Malditos tinha tudo – ou quase – para ser uma grande trilogia: maldições, bruxas, profecias, demónios, apontamentos gastronómicos de fazer crescer água na boca. Isto até Kerri Maniscalco ter decidido pôr a trama a marinar, apostando num volume final que mais parece um manual de iniciação sexual para jovens adultos.
O começo de “O Reino das Temíveis” (Bertrand Editora, 2023) é prometedor, com a convocação do diabo numa sala repleta de espelhos negros, Sofia Santorini a relembrar-nos de que as regras foram escritas para ser quebradas e aquele mantra que se vai repetindo de livro para livro, no qual poderá residir a chave de tudo: “Como é em cima, assim é em baixo”.
No centro deste volume final está o assassinato de um importante membro da Casa do Príncipe Ganância, e todas as provas apontam para Vittoria, a irmã de Emilia, que parece ter cedido ao lado negro da força. Caberá a Emilia provar o contrário, serenando o alvoroço estabelecido entre bruxas, demónios, metamorfos e as Temíveis, de quem ninguém se quer aproximar.
Talvez o melhor deste volume seja o mistério à volta da Lâmina da Ruína, criada pela Primeira Bruxa, capaz de destruir e feitiços e matar o demónio original. Descobrem-se vampiros em alta, maldições tramadas, revelações tremendas e um travo a mel demasiado forte. Kerri Maniscalco podia ter ido longe.
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