Já conheceu alguns altos e outros tantos baixos mas, na altura em que junta uma girafa ao seu jardim zoológico impresso, a série Sebastian Bergman continua a ser altamente recomendável para quem gosta de um bom policial. “O Peso da Culpa” (Suma de Letras, 2024), 8º volume da série assinada pela dupla Hjorth & Rosenfeldt, traz-nos “uma luta de titãs. Dois intelectos brilhantes num duelo”.
Depois de ter sido revelado que um dos seus elementos era um assassino em série, a Unidade de Homicídios de Estocolmo está a viver um dos seus piores momentos, arriscando mesmo a extinção ou o desmembramento. À sua frente está agora Vanja Lithner, filha de Sebastian Bergman, que tomou conta das operações após Torkel ter sido empurrado na direcção de uma reforma antecipada. A oportunidade de redenção surge quando uma mulher é encontrada morta numa suinicultura, mas há um pequeno senão. No local onde a mulher foi encontrada, há uma mensagem escrita a sangue nas paredes: “Resolve isto, Sebastian Bergman”.
Bergman que, aos 60 anos, se encontra afastado da polícia, tentando arranjar forma de convencer Billy – o serial killer – e a sua mulher a aprovar a publicação do livro “O Polícia Assassino”, o que não será tarefa fácil. A relação com a filha já conheceu melhores dias, e um dos seus antigos pacientes – e confidentes – morreu, deixando escrito uma das últimas vontades: que Bergman conhecesse a sua filha. De volta está também Ellinor Berkrist, a stalker Bergmaniana de serviço, e desta vez entra com tudo, com a clara missão de conquistar Bergman e eliminar qualquer concorrência.
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Bergman regressa assim de forma não oficial à polícia onde, para além de uma filha a lidar com o facto de o melhor amigo se ter revelado um serial killer, irá encontrar dois novos membros, que olham para si de lado. Segundo Carlos, uma das novas entradas, Bergman é um “chauvinista, sem limites, narcisita e brilhante, mas impossível. Características que dificultavam a busca por um lugar natural numa sociedade moderna e em mudança”.
Para além de um caso bem alimentado até final, Hjorth & Rosenfeldt tecem alguns comentários sobre a sociedade sueca, seja sobre o não satisfatório sistema de saúde ou o despontar dos extremismos, dando ainda largas de forma exímia ao lado cerebral, frio e pouco apegado de Bergman, a quem fica entregue a decisão de ir ao encontro da luz ou caminhar na direcção oposta. Por aqui, deseja-se que pelo menos mais um animal esteja pronto para sair da cartola desta dupla sueca.
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