“O meu nome é Miguel. Serei o vosso guia durante esta visita especialíssima ao museu mais especialíssimo que já visitaram!”
Sejam bem-vindos ao “Museu do Pensamento” (Caminho, 2017), construído por Joana Bértholo e decorado com as ilustrações de Pedro Semeano e Susana Diniz, lugar onde são guardados aqueles pensamentos tão grandes e tão pesados que não podem ser mantidos na cabeça.
As definições sobre o que é pensar são múltiplas, sempre com um toque humorístico e um rasgo poético. Pensar tanto pode ser “dizer disparates sem que ninguém nos ouça”, saber muitas coisas sem ter de ir ver ao livro“, “poder comer infinitos caramelos sem ficar com dores de barriga” ou “fazer sol por dentro num dia escuro de Inverno“.
Nesta visita guiada somos apresentados aos sons e gestos que o corpo faz quando pensa, conhecemos as respostas a perguntas tão pertinentes como “O calcanhar já teve dor de cotovelo?” ou “Os olhos pensam mais do que a barriga?“, aprendemos o significado de palavras tão difíceis quanto epifania ou cogitação, tornamo-nos atletas do pensamento ao praticar como atletas desportivos, olhamos para a história do chapéu conhecendo expressões como enfiar o barrete ou o clássico chapéus há muitos, somos colocados diante do pensamento mais difícil de todos – não pensar em nada.
No final, ficamos a saber que a ideia para este “O Museu do Pensamento” nasceu numa loja de chapéus alfacinha no ano de 2014, no âmbito do Festival Teatro das Compras, a partir das histórias que vários escritores imaginaram inspiradas na loja e nas pessoas que por lá trabalharam ou passaram- histórias interpretadas por actores enquanto os clientes entravam e saíam.
Do acto de imaginar as pessoas que por ali andaram ao longo de cento e vinte e oito anos, experimentando chapéus de toureiro, cartolas, gorros, Joana Bértolo inventou um museu que mais parece um parque de diversões literário. Chapéus há muitos, é bem verdade, mas livros divertidos sobre o acto de pensar nem por isso. Vale bem a pena uma visita a este Museu.
Sem Comentários